Marcos Pereira on-line

01 agosto 2006

71º Tokkou - Sobrevivi para contar
















Diário de bordo estelar número 35793913379557753533791357.
Sábado, 29 de julho de 2006.
Aterrisagem ok. Houston, we didn´t have problem.

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Ué?! Que estranho! Cadê a musiquinha de acordar? Cadê os colchões? Cadê todo mundo?

Acabei de acordar. Já faz umas 5 horas que cheguei em casa e, de certa forma, a este corpo marrom-bombom que me pertence (ou não!), enquanto cidadão dito respeitável, que ganha alguns trocados por mês. Após a experiência de uma semana no Tokkou, pouco a pouco estou retomando contato com o microcosmos que habito e me reencontrando comigo mesmo; com as coisas e pessoas que me cercam. Ora bolas, o que é este tal de Tokkou? Só fazendo pra ver. Resumindo, esta era a resposta mais comum, quando eu tentava saber e não obtia maiores explicações sobre o curso. Grosso modo, o Tokkou pode ser entendido como sendo uma vivência de grupo, cujo (adoro este pronome relativo) objetivo é tentar buscar, de forma recorrente e insistente (e como!), respostas para questões chaves que regem a vida em sociedade. Sorry, pessoal do Yamaguishi. Espero não ter entregue a rapadura de graça. Se entreguei ao menos um teco, não tem problema. Como diz um amigo meu, 'rapadura is sweet, but is not soft not (com a tecla SAP: 'rapadura é doce, mas não é mole não').

Voltando à Terra, olho pra fora, e da janela avisto os digitais do Itaú, da Paulista com a Augusta (Conjunto Nacional). Eles acusam 20:37h e 13º. Quanta ironia! Por uma semana fiquei sem saber que horas eram e, agora, o tal relógio invade, sem pedir permissão, as minhas retinas ainda remelentas de sono. Desencanei de viajar na maionese e liguei a TV. No canal Fox, o Jack Bauer continuava a salvar o mundo, entenda-se, os Estados Unidos da América, de mais uma ameaça terrorista. Não resisto e me deixo levar pela previsível trama - claro que o Jack vai vencer! Em pouco tempo já estou rodeado de três controles remotos. Aliás, me surgiu uma questão: quem controla o quê? Eu os controles, ou eles a mim? Opa! Quase comecei a fazer kensan (prática usada no Tokkou) para discutir esta questão com os meus bonecos de estimação (Pablo Hernandez Escobar, Papai Noel, Brenda, Docinho e Sidarta, o Buda. Aliás, onde foi parar o Zeca?).

'Mas eu sei que alguma coisa aconteceu, está tudo assim tão diferente', como cantava a Cássia Eller e como cantou a galera do Tokkou, numa das lavações de louça (prefixo de identificação da ‘rádio’ criada: SP 340, Tokkou FM, Km 138, na sua estrada do amor). De repente, me bateu uma inquietação, uma vontade de ver o mundo do lado de fora das paredes do prédio. Ainda bem que eu não estava com a camisa do Superman.

Então, eu fui me encontrar com o dito relógio da Paulista. Já no elevador, arrisco o batido comentário sobre o tempo: 'Tá frio, né?'. De resposta, ganhei um sorriso da moça. E no meio do caminho tinha um shopping; tinha um shopping no meio do caminho. A praça de alimentação era a mesma, o cinema era o mesmo, mas, não sei como explicar, eu me sentia mais próximo daqueles urbanóides anônimos. Mais pra frente, já na rua Augusta, entrei no Espaço Unibanco de Cinema - aquele em que até o pipoqueiro já leu Nietzchie - para conferir as estréias da semana. Oba! Tem filme novo do Almódovar. Bacana! Um filme do afetado diretor espanhol cairia muito bem agora, penso eu. Procuro pela sala e, que pena! Era apenas a chamada para a estréia. Daí, atravessei a rua Augusta para ver se tinha algum CD interessante na loja do Neto. Nada de novo no front! Decido ficar em pé, parado na calçada, de frente para a rua, e apenas observar a movimentação dos transeuntes. Em menos de 1 minuto, duas cenas típicas de desrespeito ao próximo:
Cena 1) Um moço pára o trânsito ao fazer uma manobra irregular de conversão para mudar de faixa.
Cena 2) Uma moça entra num táxi e joga metade do cigarro aceso no chão, que se junta a várias pontas no meio-fio.
Por incrível que pareça, reagi com certa indiferença diante destas situações que normalmente me causam indignação.

Tchau, relógio do Itaú. Por hoje tá de bom tamanho. Termina aqui o primeiro movimento de 'descompressão social' pós-Tokkou. Foi mais que eu esperava, baby! Meia-volta, volver. Logo estarei de volta em casa. É só descer a Augusta a 37,91 passos por minuto, passando pelas clássicas casas de tolerância (puteiros) e pelas descoladas baladas indie que crescem na região.

Concluindo, deputado(a), depois de toda esta papagaiada, o que fica é a certeza de que a mudança para um mundo melhor começa de dentro pra fora. Clichê? Frase feita? É sim! E daí? Vai encarar? Tá com raiva? Por que tá com raiva? Vai fazer o Tokkou e tenta descobrir.

Hasta la vista, baby!

E viva Zapata!

O povo, unido, jamais será vencido!

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P.S.:
Ufa! Que bom reencontrar o CONTROL+C e o CONTROL+V aqui neste (imundo) teclado, onde digito estas mal-traçadas linhas. Foi phoda, num momento, ter que escrever a lápis e borracha! Se bem que uma lapiseira 0.5 já quebraria um galho. Olha o apego!

P.S. I auto-terapêutico pós-Tokkou:
Cara, como eu abro 'janelas' no meu pensamento! E elas vão se acumulando até provocar um stack overflow (estouro/transbordo de pilha) de memória. Aí, funde, ou melhor, phode tudo.

P.S. II auto-terapêutico pós-Tokkou:
Outra coisa que percebi é como eu economizo nas ações e sentimentos. Muitas palavras ficam por dizer; músicas presas na garganta e danças abortadas na intenção. Esse jeito ensimesmado (what the fuck...! que adjetivo mais esdrúxulo; tanto quanto a palavra esdrúxulo) reflete um certo egoísmo etéreo, de não se doar, não estar presente por inteiro. É por isso que eu bebo! Tô trabalhando esta questão, a nível de ser humano, enquanto espécie dita evoluída, no bojo de um mundo melhor.
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P.S. Existencialista: Existirmos, a que será que se destina? Afinal de contas, kenkossô, ponkovô? Não importa. Ser um 'pó feliz' é o que me basta.

P.S. Momento Maguila.
Se o Raul Gil tem o quadro ‘Pra Quem Você Tira O Chapéu’, nóis tem o ‘Momento Maguila’.
À guisa de esclarecimento, ‘Momento Maguila’ era um espaço da coluna que eu escrevia para o extinto ego-site-pop-adolescente do meu primo Figgipi-Andgggrè. Inspirado no lutador de boxe (‘um abraço pra minha mãe, pro meu pai...’), eu enviava abraços para pessoas queridas.

Então, vamos lá, por ordem analfabética de nome:
Um abraço efusivo pras mina Tereza, Juliana-Fofa, Fabiana-Linda-Leve-E-Solta, Soraia, Maria Aparecida, Janayna, Silvia, Jane, Inês e pros mano Zé Márcio, Marcelo, (H.) Romeu (Pinto), Ibsen, Itamar, Alam e Márcio.

1 Comentários:

  • Às 12:17 AM , Blogger alam disse...

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