Marcos Pereira on-line

03 dezembro 2006

Bicampeão! Bicampeão!



Depois do Hexa na Liga Mundial, hoje foi dia do bicampeonato no Campeonato Mundial de Vôlei Masculino. E falar desta seleção é chover no molhado. Então, que venha a chuva, amigo!

A grande injustiça foi a não eleição do Ricardinho como melhor levantador da competição. Ele arrisca muito, mesmo quando o passe é meia-boca. O levantamento nas pontas está mais para um lançamento em linha reta do que para o convencional toque, que descreve o desenho de uma parábola. Trata-se de uma estratégia para acelerar as jogadas e, com isso, dificultar a armação do bloqueio/defesa do time adversário. No voleibol atual, jogar com velocidade é fundamental, principalmente para um time como o Brasil, cuja estatura média dos jogadores é considerada baixa para os padrões atuais. Como bem disse o Bebeto de Freitas, um dos responsáveis pelo boom do vôlei no Brasil na década de 80, o Ricardinho é um maluco que perseverou na sua insanidade. E, como mostra a história, os malucos, a princípio incompreendidos, quando bem sucedidos, podem se tornar gênios.

Ávido por informação de bastidores de quem já esteve na seleção, o difícil para mim foi acompanhar a cobertura da Globo e SporTV, sem perder nenhum detalhe. No SporTV o destaque foi o Bebeto de Freitas e, na Globo, o Tande. O ex-campeão olímpico, além do esperado domínio do assunto, é muito conciso e objetivo nos comentários, sem fazer firulas. O cara é alto astral e nos brinda com histórias deliciosas. Por exemplo, no seu retorno à seleção, após uma pausa para jogar na praia, ele disse que o vôlei estava bastante diferente. No dia-a-dia, o que mais o impressionou foi a violência dos ataques do Dante. Era aterrorizante ver a figura do atacante não parando de crescer acima da rede e ele impotente, na condição de defensor, sem nada a fazer senão tentar defender a si próprio, antes da bola. O bacana é que o Tande contou isto com muito bom humor. E as pedradas do Dante se confirmaram neste Mundial, sendo ele eleito o melhor atacante da competição.

Afinal, até onde vai este time? Segundo o Bernardinho, a tarefa mais difícil é manter a motivação e evitar que os jogadores caiam na tão famigerada ‘zona de conforto’, de quem já está satisfeito com todas as conquistas. Um dos motivos que mantém a chama do grupo acesa é a constante renovação. Desde 2001, com esta comissão técnica, jogadores importantes deixaram a seleção, tais como o Giovani, Maurício e Nalbert. Os substitutos Giba, Ricardinho e Dante mantiveram e, por que não dizer, até elevaram o nível do time.

E agora, depois de tantos títulos, o Brasil pode ser considerado o melhor time de voleibol de todos os tempos? Na minha modesta opinião, só falta vencer a próxima Olimpíada para este time se consagrar definitivamente como o melhor da história. Em termos de importância de títulos conquistados seguidamente, o Brasil empata com a ex-URSS, atual Rússia, e com os Estados Unidos. Os soviéticos, venceram os campeonatos mundiais de 1978 e 1982 e a Olimpíada de 1980. Já os norte-americanos foram bicampeões olímpicos em 1984 e 1988 e campeões mundiais em 1986.. O Brasil é o atual bicampeão mundial (2002/2006) e campeão olímpico (2004).

Mesmo que se este ciclo de vitórias se encerre por aqui, a seleção brasileira masculina de vôlei já conquistou o seu lugar na história. Quando o presente virar passado, eu vou me sentir um privilegiado por ter vivido na geração que viu Michael ‘Air’ Jordan ‘voar’, Maradona brilhar e o Brasil dar espetáculos no meu esporte favorito.

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