Marcos Pereira on-line

15 janeiro 2005

Natal Bacana na Bocaina - Parte I - Chegando

Então é Natal! De repente todos os corações - e as carteiras também – se abrem para celebrar o nascimento do mártir maior da maioria das religiões ocidentais. O espírito natalino provoca até absurdos assassinatos musicas como o cometido com a música cujo título na versão em português coincide com a frase que abre este texto – parece até pista para adivinhar “Qual é a música, Laurindo Salvador?”. Explico: a dona Yoko Ono autorizou que uma baiana da MPB atropelasse, deliberadamente, um clássico (“Happy Christmas”) daquele (John Lennon) que um dia proclamou que a sua banda (The Beatles) era mais popular que Jesus Cristo - nos 60’s devia ser mesmo. Mas o buraco é mais embaixo. Será que as pessoas ainda se lembram qual é o motivo da data? Tão colado ali, perto do fim de ano, o Natal- feriado é bastante lembrado, sim, mas por outro motivo: por servir de ponte para emendar o fim-de-ano.

Porém, existem os esquisóides sociais, mal resolvidos, que têm dificuldade de assimilar o tal espírito natalino e tentam passar indiferentes pela data. Assumidamente me enquadro nesta categoria. O que fazer então? Como diria o nosso amigo Leão da Montanha, saída estratégica pela esquerda, ou melhor, para o alto... e avante! Ôps! Se empolguei! O avante é do Superman. O meu presente de Natal começou a ser aberto ao abrir a caixa postal do Outlook e me deparar com um e-mail, convidando trekkers de plantão para um Natal na Serra da Bocaina.

Let´s try starting again.

Então é dia 24 de dezembro.

1:27h da madruga. Já! As time goes by! Até empushar as tralhas na mochila e burnear um CD com a trilha (sonora) da viagem , o tempo urgiu sem que eu me desse conta.

4:39h da madruga. A MTV me desperta. Rapidamente me despeço dos meus roommaters inanimados. Feliz Natal Brenda, Pablo Hernadez Escobar, Zeca e Docinho; cuidem bem da casa! De repente, lágrimas quase verteram pelo meu rosto. Naquela mesa tá faltando ele, que foi o meu maior companheiro inanimado. Taz-Roberto (in memorium), eu não te esquecerei jamais, esteja onde estiver.

Ao me dirigir ao posto para encher o tanque, ligo na CBN e qual a pauta da matéria que está no ar? O Shopping Morumbi na maratona que atravessou a madrugada totalizando 33 horas consecutivas aberturas. Afinal, é Natal! Tenho uma sugestão aos donos de shopping. Por que não estender o horário alternativo para o resto do ano. É sério! Parafraseando aquele banco (the citi never sleeps), os shoppings poderiam nunca dormir. Todos lucrariam. O mercado de trabalho seria incrementado. Além do mais, existe uma legião de notívagos que adorariam ter uma opção diferente nas madrugadas. Já pensou que legal pegar um cineminha às 3 da manhã?

5:21h da madruga. Nas ruas, apenas os night bikers, os primeiros trabalhadores começando a labuta de mais um dia e os baladeiros voltando pra casa. Um pit stop rápido para as últimas comprinhas e pé no estrada. Ou melhor, rodas na estrada.

Lá pelas 9:01h chego em Queluz. O check-in se daria apenas às 10:30h, em São José do Barreiro, no pé da serra da Bocaina. Então, deixei o carro na sombra e fiz uma peregrinação a pé. Ora, vejamos. Let´s see quais os agitos da cidade. No mural do quiosque da praça, um cartaz exibe em letras garrafais o convite para o show que iria arrasar a cidade: “Não percam, pela primeira vez no baile do Mú, a peladona do Big Brother” (qual delas?). Mais acima a convocação para um campeonato de truco. E, por fim, o melhor programa: um festival de videokê. Bom, pelo menos não vi bingo nem igreja Universal.

Enfim, a cidade acabou e eu ainda precisava passar por Areias até chegar em São José do Barreiro. O telefone toca. Era o moço da pousada perguntando onde eu estava. “QSL, câmbio, Marcos Pereira is on the way. CRRR, CRRR, CRRRR! Câmbio, desligo, copiado!”

Entrada triunfal na cidade. Ué! Tudo bem que a placa do carro é de São Paulo, mas por que todos olham? Porque simplesmente entrei na contra-mão na praça da igreja matriz. Percebo a irregularidade e me escondo na primeira rua que dá mão. Corrigida a manobra, estaciono próximo ao Empório Café, o point de encontro. Ao sair do carro, um grito ao fundo: “Marcããão”. Xi, Marquinho! Será que fui identificado e serei abordado por um policial de trãnsito proferindo um “teje preso!”. Hesitei em me virar, mas a voz insistiu. Era o Zé Milton, o dono-anfitrião da MWTREKKING (quero desconto pelo merchan, hein Zé Milton!). Cumprimentos de parte a parte, estacionei o carro na casa do pai do Zé e fui ao bar-buteku-padoka. Pedi um queijo-quente. Estranho! Nem acenderem a chapa e, minutos depois, o pão veio quente. Só que o queijo, frio. Calma lá! Ainda era cedo e eu não me despira do tipo paulistano exigente e reclamão.

Enquanto degustava o queijo quente (frio), pousei os olhos num senhor sentado do lado de fora, que observava a movimentação do lugar. Notei que muitos ali acordam cedo para fazer o mesmo, ou seja, nada. Ou não! Talvez tudo de bom. Afinal, é preciso ter uma percepção diferenciada, por exemplo, para contemplar as nuances num simples vôo de um passarinho. Penso comigo como gostaria de enxergar a vida de uma forma tão simples, com preocupações triviais, sem pressa de chegar, sem ter aonde ir. Simplesmente ser e estar. Péra lá! Volta a fita, ou melhor, o texto. Como escrevi logo acima, “gostaria” – verbo conjugado na 1ª pessoa do futuro do pretérito. O exercício de se colocar na pele daquele senhor, nada mais é do que um ideal imaginário que muitos de nós, cidadãos urbanóides, temos do que é uma vida tranqüila. E talvez ocorra o contrário. Aquele senhor poderia se imaginar na minha pele. O melhor mesmo é buscar ser feliz no habitat onde se vive. Viajei na maionese. Acorda, cara! Volta para este corpo que te pertence! Como diria o poeta tribalista (vide texto “Tribalistas..., passamos por isto!), “Perto é longe, longe é esquidistante. É apenas uma questão de ponto de vista”. Ou não!, como diria o poeta tropicalista Gil!

Ufa! Tô cansado! E ainda nem cheguei no alto da Bocaína. Então, achei por bem quebrar o texto em duas partes. E também dá tempo pra fazer xixi.

TO BE CONTINUED...

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