Saigo, você é o meu herói!

O filme cresce em dramaticidade quando, paulatinamente (adoro este advérbio de modo, não me canso de repetir), as histórias dos personagens são descortinadas por meio de flashbacks. O Saigo, por exemplo, é um destes anônimos da guerra. Um cidadão comum que é convocado a defender a sua nação da ameaça inimiga. Como o próprio se define, ele não é um soldado. É apenas um padeiro, numa causa que não é sua e que ele não compreende muito bem o sentido. E por aí vai.
Tem também as histórias dos comandantes de tropas: um equitador campeão olímpico e um oficial de carreira. Ambos tiveram contato com a cultura ocidental. Eles cumprem o dever de defender a pátria japonesa sem, no entanto, negar as virtudes da sociedade inimiga, no caso, a americana.
E é justamente na desmistificação de alguns valores, tidos como irrefutáveis, que está o ponto alto do filme. Mesmo entre os japoneses, conhecidos pela conduta super rígida e disciplinada, há espaço para comportamentos menos autômatos e para a manifestação de sentimentos mais humanos. A rendição ao inimigo, por exemplo, poderia ser considerado um ato de covardia. E, afinal, o que é covardia? Trair a pátria para retornar ao lar e conhecer a filha recém-nascida, como no caso do Saigo? Ser feliz?
Desta vez, o Clint Eastwood acertou a mão em cheio. Depois daquele engodo melodramático intitulado ‘Menina de Ouro’, ele se redimiu e surpreendeu. Pena que desta vez não convenceu a academia de Hollywood. Preferiram fazer ‘justiça’ e premiar com os Oscars de melhor filme e diretor o, até então, preterido Martin Scorcese. Business, nothing more than business, meus caros!
Na semana que vem, vou fazer a lição de casa complementar e assistir ‘A Conquista da Honra’, a versão dos fatos sob a ótica dos americanos.
___________________________________________________________
PS ‘Soldados’
.
‘(...) Quem é o inimigo?
Quem é você?
Nos defendemos tanto tanto sem saber
Porque lutar (...) ‘ - Legião Urbana
↔
PS ‘The War’
.
‘(...) War war is stupid
‘(...) War war is stupid
And people are stupid
And love means nothing
In some strange quarters (…) ‘ – Culture Club
0 Comentários:
Postar um comentário
Assinar Postar comentários [Atom]
<< Página inicial