Marcos Pereira on-line

13 fevereiro 2005

Manifesto pela unidade da latino América - inspirado em, e remixado com futebol e cinema

Para entender o texto no contexto, 3 episódios foram remixados para produzí-lo, na minha mente demente, mas que não mente... just a little bit. Here we go:

1a) Brasil x Argentina, a rivalidade, 1b) “Pelé x Maradona”, a votação;
2) “Diários de motocicleta”, o filme;
3) Latino América, o continente.

A rivalidade entre portenhos e brazucas é bastante alimentada pela imprensa esportiva futebolística. Alguns anos atrás, um dos pontos bastante polêmicos sobre a questão, foi a votação, via site da FIFA, do melhor jogador de futebol da história. Maradona venceu. Dentro das raias da razão, é incontestável que Pelé é o rei do futebol; não há discussão plausível a respeito. Só de ver o trailer do novo filme-documentário sobre Pelé, dá pra sacar a genialidade do afro-brasileirão (negão).

Não obstante, Maradona foi um dos maiores. Em 86, junto com mais 10, ele ganhou a copa do mundo para a Argentina. Quem não se lembra do gol antológico, quando Don Diego, partindo da lateral direita, na altura do círculo central, foi avançando e driblando todos que se interpunham à sua frente, para culminar com um leve toque, deixando a bola morrer mansa no fundo das redes? E que golaaaaaaaaço! Tentaram dar contornos revanchistas àquela vitória, já que o jogo foi contra a Inglaterra, para quem a Argentina havia perdido a guerra das Malvinas. Besteira! Era só um jogo de futebol. No Jornal Nacional daquela noite, Armando Nogueira cometeu um texto meloso , de uma pieguice à toda prova. De tão babaca, nunca esqueço os versos finais. Depois de tecer mil elogios ao argentino, o jornalista cometeu os seguintes versos: “Amar a Deus, amar a bola, aMaradona”. Habla sério! Arnaldo Antunes não faria pior!

Sobre a votação internética, o resultado até é compreensível, pois as novas gerações, me included, não viram Pelé jogar. Já o Maradona, eu vi. Além das copas do mundo, A TV Bandeirantes era o canal do esporte na década de 80 e transmitia o (à época) badaladíssimo campeonato italiano. Maradona jogava no Napoli e, junto com o brasileiro Careca, formava uma dupla dukaray.

Lembro também da copa de 90. O jogo era Brasil e Argentina. Enquanto vários brasileiros cercavam Maradona, ele simplesmente deu um passe para o Canija (é assim que se escreve?) que estava livre e desimpedido para marcar o gol que eliminou o aborrecido Brasil da geração Lazaroni. A Argentina terminaria como vice-campeã, perdendo a final para a Alemanha. Quem diria? Quatro anos depois, a base daquele time brasileiro, aborrecido e lazarento, mas desta vez eficiente, conquistou o tetra, sob o comando do sósia do Ronald Golias, o Parreira, também conhecido pela alcunha de pé de uva. By the way, ele voltou.

Traçando uma comparação fora das linhas do campo, o Edson é mainstrean, ou politicamente falando, de direta; enquanto Don Diego carrega o estigma de bad boy, ou de esquerda, como se queira. A bem da verdade, esta terminologia está cada vez mais em desuso. A polarização direita/esquerda, nos dias de hoje, é mais ilustrativa que propriamente ideológica.

Mudando o leme para o cinema, lá fui eu, desconfiado, cumprir o dever de casa, qual seja, assistir “Diários de motocicleta”. Fico meio “assim assim” quando o objeto da película é um mito, para muitos um super-herói. É preciso muito cuidado para não macular, ou mesmo banalizar, a imagem de um ícone da história da humanidade. Ou não! Whatever! Só é estranho imaginar, por exemplo, o Superman fazendo cocô ou a Mulher Maravilha de xyku. Para quem não viu, “Diários” é falado em castelhano e ambientado na América do Sul. O argumento do filme é o tour que o jovem Ernesto, pré-Che, e seu amigo fizeram pela América Latina. A fotografia é bonita. Cenas no deserto de Atacama contrastam com o Chile coberto de neve. O filme insinua que ali, o jovem Ernesto desperta para a consciência social. Destaque para a cena em que ele, asmático, bêbado e aniversariante, atravessa o rio a nado para se unir aos leprosos que ficavam separados dos “saudáveis”. Meu herói!

No geral, o filme poderia ser mais rico. Achei um tanto quanto econômico. Só gostei, não gozei. O grande mérito do filme, é promover a imagem e a identidade latina para o mundo. Os europeus trucidaram as civilizações pré-colombianas e este é um fato relevante que não deveria ser esquecido. Ou melhor, esta injustiça deve ser cada vez mais mostrada. Se o continente é rico em miséria é muito em função da ganância mercantilista do império ibérico, que enxergou nestas terras o símbolo do “$”, como naqueles desenhos do Pica-Pau. E viva Zapata! A Amazônia é nossa!

Pairou no ar uma dúvida. Por que na viagem pela América Latina, o jovem Ernesto não planejou passar pelo Brasil? Me parece que o Brasil é um país-continente ilhado dentro do seu próprio território. O nosso país tem esta coisa de estar no continente, mas não compartilhar da cultura. Talvez a língua limite a integração. Enfim, esta é uma questão sócio-cultural-antropológica que foge ao meu entendimento. Se o problema é identidade cultural, ao menos o Che poderia dar um pulinho nos pampas gaúchos, tche! Ah! Já sei! It does makes sense. Antes de ser revolucionário, ele era um argentino.


P.S. I Ai que endurecer-se sem perder la ternura

P.S.II: Pra não dizer que não falei de música, “Mambo no. 5” do Pérez Prado faz parte da trilha.

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