Music and Me – Marcos Pereira por Marcos Pereira, episódio I
Em 2003 participei de um grupo de biodança. Como tradicionalmente acontece, no mês de julho é realizado um sarau lá no espaço.
O texto abaixo foi escrito para o evento. Ao final da leitura, paguei o maior mico. Para ilustrar o texto, ousei cantar e coreografar ‘Killing Me Softly With His Songs’ em cima da releitura do Fugees para o clássico da Robert Flack. Por uma destas coincidências astrais, a minha apresentação foi a última e já passava da meia-noite. Portanto, era 13 de julho, dia mundial do rock. Comentei sobre a data e, para encerrar o Sarau com chave de ouro, convoquei diretamente do CD “Perakaya n´Gandaya” o Smash Mouth para cantar “All Star”. Esta música é daquelas que levanta até defunto. Todos caíram na gandaia. Foi um final apoteótico; simplesmente mágico.
P.S.: dedico este texto ao Paulinho, o primo do TKR, citado lá embaixo. Infelizmente ele se desviou por caminhos tortuosos na vida. Mas hoje é o aniversário dele e prefiro lembrar da imagem do Paulinho playboy.
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Era 1967. Eis que surge um gameta alienígena, vindo de um distante planeta da galáxia de Orion, tomando de assalto a Via Láctea, e invade a atmosfera terrestre. Naquele ano aconteceu o Monterey Festival que abriu espaço para que houvesse o Woodstock (69). Sgt. Peppers tinha sido lançado em 20 de setembro, inaugurando uma nova fase na música pop: o álbum-conceito. Meses depois, em 68, cá estou neste mundo. Eram tempos mágicos: 1968, o ano que não terminou, como atesta o título de um livro. Na França, o movimento estudantil abala as estruturas do mundo acadêmico. Nos Estados Unidos, as passeatas contra a Guerra no Vietnã, colocam em xeque as reais necessidades de uma guerra tola. Enfim, o mundo passava por um momento mágico; revolucionário no sentido de transformador de idéias.
Voltando a mim, aporto num velho chalé do Caminho do Asilo, numa cidadezinha praiana (Santos). Das lembranças que eu tenho, achava tudo muito estranho, mas havia uma coisa que me emocionava, tocava forte, que me fazia transcender: a música. Meu tio Mané chegou a fazer uma vitrola de madeira com disco de jornal para eu brincar. Pressionado emocionalmente pela situação, meus pais compram uma vitrola Philips. Sou apresentado à Sua majestade, o rei do Baião, Luiz Gonzaga. Segundo a minha mãe, eu acordava e dormia nos braços dela ouvindo o rei. Vou crescendo e os meus primos Paulinho e Regina me introduzem ao mundo pop; as rádios da moda eram a Excelsior, a máquina do som e a Difusora. Depois surgem as proles, as FMs nos moldes que conhecemos hoje. O Paulinho tinha um toca-fita TKR, verdadeira coqueluche da época. Eu simplesmente delirava quando ele apertava o botão power do módulo de potência Infinity ligado ao TKR.
Aos 13, ganho o meu suado rádio-gravador – o primeiro rádio-gravador a gente nunca esquece. Entro para o coral da escola e logo, gentilmente, sou convidado a me retirar, pois cantava (canto) mal à beça. Não desisti e aos 17 compro um walkman de 2ª mão com a grana do bico de copeiro que fazia no buffet Juliana. Ao mesmo tempo, com o advento do Plano Cruzado, minha mãe me presenteia com uma Caloi 10 (também de 2ª mão) para substituir a Barra Circular herdada do meu irmão, que fôra roubada. Parênteses: roubaram também a Caloi 10 e eu chorei muito. Tempos legais aqueles, literatura, vôlei, bike e mar. E lá vou eu, com e sem as duas mãos, pedalando, cantando e seguindo as canções. Percebi ali uma nova forma de me relacionar com a música. Eu cantando by myself. Abriu-se uma nova possibilidade diante dos meus olhos, eu podia cantar em movimento, sentindo o Sol, a chuva e a brisa no rosto e, dentro do meu mundo altista, ninguém me ouvia.
Muitas rotações e algumas translações em torno do Sol depois, eu viro gente grande e compro um carro para poder instalar o som e correr mundo, correr perigo, viver. Hoje me considero um realizado cantor de interior, de interior de automóvel. Sigo tocando em frente, correndo e cantando as canções que fazem pra nós, buscando a companhia de pessoas que se revelam bonitas, sem máscaras e que queiram compartilhar a vida, gostosa como ela deve ser.
Concluindo, deputado, momentos de crise sempre haverá e muitas vezes são necessários. Mas, no frigir dos ovos, os bons momentos compensam os difíceis, com certeza. Eu acredito piamente nisto. TO BE CONTINUED, anytime, anywhere.
O texto abaixo foi escrito para o evento. Ao final da leitura, paguei o maior mico. Para ilustrar o texto, ousei cantar e coreografar ‘Killing Me Softly With His Songs’ em cima da releitura do Fugees para o clássico da Robert Flack. Por uma destas coincidências astrais, a minha apresentação foi a última e já passava da meia-noite. Portanto, era 13 de julho, dia mundial do rock. Comentei sobre a data e, para encerrar o Sarau com chave de ouro, convoquei diretamente do CD “Perakaya n´Gandaya” o Smash Mouth para cantar “All Star”. Esta música é daquelas que levanta até defunto. Todos caíram na gandaia. Foi um final apoteótico; simplesmente mágico.
P.S.: dedico este texto ao Paulinho, o primo do TKR, citado lá embaixo. Infelizmente ele se desviou por caminhos tortuosos na vida. Mas hoje é o aniversário dele e prefiro lembrar da imagem do Paulinho playboy.
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Era 1967. Eis que surge um gameta alienígena, vindo de um distante planeta da galáxia de Orion, tomando de assalto a Via Láctea, e invade a atmosfera terrestre. Naquele ano aconteceu o Monterey Festival que abriu espaço para que houvesse o Woodstock (69). Sgt. Peppers tinha sido lançado em 20 de setembro, inaugurando uma nova fase na música pop: o álbum-conceito. Meses depois, em 68, cá estou neste mundo. Eram tempos mágicos: 1968, o ano que não terminou, como atesta o título de um livro. Na França, o movimento estudantil abala as estruturas do mundo acadêmico. Nos Estados Unidos, as passeatas contra a Guerra no Vietnã, colocam em xeque as reais necessidades de uma guerra tola. Enfim, o mundo passava por um momento mágico; revolucionário no sentido de transformador de idéias.
Voltando a mim, aporto num velho chalé do Caminho do Asilo, numa cidadezinha praiana (Santos). Das lembranças que eu tenho, achava tudo muito estranho, mas havia uma coisa que me emocionava, tocava forte, que me fazia transcender: a música. Meu tio Mané chegou a fazer uma vitrola de madeira com disco de jornal para eu brincar. Pressionado emocionalmente pela situação, meus pais compram uma vitrola Philips. Sou apresentado à Sua majestade, o rei do Baião, Luiz Gonzaga. Segundo a minha mãe, eu acordava e dormia nos braços dela ouvindo o rei. Vou crescendo e os meus primos Paulinho e Regina me introduzem ao mundo pop; as rádios da moda eram a Excelsior, a máquina do som e a Difusora. Depois surgem as proles, as FMs nos moldes que conhecemos hoje. O Paulinho tinha um toca-fita TKR, verdadeira coqueluche da época. Eu simplesmente delirava quando ele apertava o botão power do módulo de potência Infinity ligado ao TKR.
Aos 13, ganho o meu suado rádio-gravador – o primeiro rádio-gravador a gente nunca esquece. Entro para o coral da escola e logo, gentilmente, sou convidado a me retirar, pois cantava (canto) mal à beça. Não desisti e aos 17 compro um walkman de 2ª mão com a grana do bico de copeiro que fazia no buffet Juliana. Ao mesmo tempo, com o advento do Plano Cruzado, minha mãe me presenteia com uma Caloi 10 (também de 2ª mão) para substituir a Barra Circular herdada do meu irmão, que fôra roubada. Parênteses: roubaram também a Caloi 10 e eu chorei muito. Tempos legais aqueles, literatura, vôlei, bike e mar. E lá vou eu, com e sem as duas mãos, pedalando, cantando e seguindo as canções. Percebi ali uma nova forma de me relacionar com a música. Eu cantando by myself. Abriu-se uma nova possibilidade diante dos meus olhos, eu podia cantar em movimento, sentindo o Sol, a chuva e a brisa no rosto e, dentro do meu mundo altista, ninguém me ouvia.
Muitas rotações e algumas translações em torno do Sol depois, eu viro gente grande e compro um carro para poder instalar o som e correr mundo, correr perigo, viver. Hoje me considero um realizado cantor de interior, de interior de automóvel. Sigo tocando em frente, correndo e cantando as canções que fazem pra nós, buscando a companhia de pessoas que se revelam bonitas, sem máscaras e que queiram compartilhar a vida, gostosa como ela deve ser.
Concluindo, deputado, momentos de crise sempre haverá e muitas vezes são necessários. Mas, no frigir dos ovos, os bons momentos compensam os difíceis, com certeza. Eu acredito piamente nisto. TO BE CONTINUED, anytime, anywhere.
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