Marcos Pereira on-line

17 julho 2013

Confissões de um outsider - agradecimento à Bianca


De tempos em tempos, morro e renasço - algo como o retorno de Saturno ou o ressurgimento da Fênix ("like the legend of the Phoenix", como canta o Pharrell Williams na música "Get Lucky", do Daft Punk). Santa bixice, Batman! Quando os dias correm de forma linear, sem movimento, sinto um peso, uma ausência de vida que desemboca num consumo autofágico.

E este eu, corroído, exaurido, já não se basta. Não cabe em si mesmo. Num estágio avançado do processo, quando sobra pouco "eu" e o outro não está disponível, ou eu não estou disponível para o outro, o corpo e, principalmente a mente, padecem. (Cara! Isto tá com cara de papo-cabeça do "Saia Justa".)

No ápice da morte, pré-iminência do renascimento, não raro, penso em deixar o planeta (eufemismo poético-sideral para a palavra-tabu "suicídio"; quem nunca?). Absorto no tempo e no espaço, tenho a sensação de um outsider vagando por grupos e valores dos quais não acredito, simplesmente pela necessidade de enquadramento e sobrevivência. Enfim, ser mais um no que se convencionou chamar "movimento de manada".

Viver apenas em função da sobrevivência é muito pouco, insuficiente. Mas, eu não desisto assim tão fácil, meu amor. Insisto em acreditar que a existência (pelo menos a minha) não pode ser desperdiçada em vão. Então, o Cosmos responde a estas angústias existenciais e se encarrega de colocar no meu caminho seres especiais. Ufa! Enfim, a retomada da espiral da vida.

Todo este enredo confessional é porque hoje faz exatamente 2 anos que uma pessoinha "me salvou". E ela não tem a mínima idéia e, menos ainda, consciência, de como nossas simples brincadeiras de criança me trouxeram de volta à 3ª dimensão. Santa generosidade, Batman!

Como forma de registrar aquele momento mágico, resgato, na imagem lá de cima, a carta infanto-viajandona-com-letra-cursiva enviada pelo correio, um mês depois daquele dia mágico. Certamente, um dos Top 5 da minha vida. 

Obrigado, Bianca!

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PS: dentre os seres especiais, particularmente 2 meninas fofas (a caminho da 3ª)  e 1 menino esperto me salvaram algumas vezes. Me pergunte, como? Simplesmente me convidando para entrar no mundo deles.
  
PS II: suicídio me lembra a última música do Barão Vermelho com os vocais do  Cazuza: "Eu queria ter uma bomba" ...  "Você sai de perto eu penso em suícidio / Mas no fundo eu nem ligo."

Tem também aquela outra, mais recente, da Anelis Assumpção: "Bola com os Amigos" ... "Não há razão pra suicídio / Depois do jogo eu sei que ele vem pra casa ver um vídeo".

PS III: no embalo das citações musicais, mais uma ... "Vida louca vida, vida breve / Já que eu não posso te levar / Quero que você me leve"

PS IV: fala do replicante para o seu criador, no clássico "Blade Runner": "Eu quero mais vida, pai!"

PS V: No último capítulo do seriado "Ultra-Seven", o Dan Moroboshi, identidade secreta do super-herói nipônico, não conseguia mais respirar no planeta Terra. Sufocado, sem energia, seu tempo neste planeta via-lácteo estava se esgotando. Era chegada a hora de voltar para sua casa, a Nebulosa M-78. Lindo de morrer!