Marcos Pereira on-line

12 junho 2005

Dia dos namorados - "Super on-line, o texto"

Comunicado à nação
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Por ocasião do dia dos namorados, transcrevo aqui um dos textos escritos originalmente para o extinto ego-site-pop-adolescente do Figgipi-Andgggrè, meu primo.
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Agora está tudo muito claro à minha frente. Passados dois anos, percebo que ela só estava interessada no meu corpinho marrom-bombom. Pois é! Mulheres são todas iguais. Quando conseguem o seu intento, nos abandonam assim como um palito de sorvete, após ter sido chupado.
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Abaixo à exploração sentimental!
A Amazonia é nossa!
E viva Zapata!
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Super on-line, o texto
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Para completar a tríade "Super Homem, o filme", (estrelando Christopher Reeve), "Super Homem, a canção", (by Gilberto Gil), tem início a saga deste que vos escreve (Marcos Pereira on-line), "Super on-line, o texto". Confesso; forcei um pouco no "on-line". Licenças apaixonadas são aceitáveis; haverás de concordar ao longo deste texto, caro internauta. Anyway, dando prosseguimento a séria série "a vida tem dessas coisas", no bojo das questões humberto-existencialistas (vide verbo "humbertar", lá embaixo), acredito que a vida deve ser fruída a cada momento, em toda a sua plenitude. Cada gesto, cada cenário, cada palavra dita, devem ser entendidos e valorizados como únicos. Senão, a vida não passa de uma sucessão de repetitivos acontecimentos sem sentido, seguindo um roteiro padrão: acordar, levantar, trabalhar/estudar, comer, ver TV, fazer as necessidades fisiológicas e, ..., ponto! Há que se encontrar poesia no dia-a-dia, por mais insossa que a realidade possa se nos apresentar. A vida é cheia de metáforas, basta percebê-las. Just look around.
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Vamos ao ponto, sem meandros (e "meonardos"). Se aproximava, então, o dia 12 de junho de 2003, dia dos namorados. Esta questão sempre foi mal resolvida na minha cabeça. Permita-me, dileto internauta, uma pausa reflexivo-terapêutica, à guisa de esclarecimento, no bojo da questão preletário-pequeno-burguesa. Durante parte da minha vida, procurei respostas em valores que me foram colocados como caminho para a felicidade. E eles incluíam basicamente estabilidade financeira e um modo de vida família-padrão. Contrariando a minha natureza, achei por bem seguir o "exército da salvação" e lá fui eu. And, I did the best that I could. But, o tempo passava e viagens externas e internas não me faziam ver sentido naquilo que eu comprara, a título compulsório. Lembro de uma passagem do filme "O Expresso da meia-noite", que me marcou bastante, em que o protagonista, Billy Hayes, numa determinada situação, teve um insight e, a partir dali, encontrou forças para mudar o seu destino. No meu caso, precisava de inimigos reais e fictícios para cumprir o meu legado. Alguns deles: classe média pequeno-burguesa, capitalismo e Microsoft. Por ironia do destino, querendo ou não, tornei-me mais um da classe - qualquer semelhança com um partido político cuja sigla começa com "P", termina com "T" e não tem letra no meio, é mera coincidência. Como lidar diante desta antítese existencial? Resposta: me despir de um monte de preconceitos e deixar o rio correr tranquilamente, sem tantas cobranças pessoais. As armas das quais precisei foram-me muito úteis, mas não o eram mais. Começava ali a fase de retorno de Orion, que teve início aos 29 anos e 711 dias de idade, período astral em que Orion se alinhou com Urano e Plutão.
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Backing to reality, eis que surge uma pequena (moça) que vibra na mesma freqüência de ressonância do meu ser (enquanto humano, mano) e faz balançar as pontes de Madison do meu coração. Houve algumas pequenas (e grandes também), antes, mas desta vez eu estava disposto a embarcar no trem. Convencionarei chamá-la de "Gama", alusão à letra grega, empregada aqui, no bojo da paixonite. I couldn't get her out of my mind. A cada contato (sem tato), uma nova identificação e a vontade crescia como tinha de ser.
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Simbolismos à parte, era dia 12 de junho, dia perfeito para eu me declarar. E eu via sinais por toda parte. Por exemplo, naquele dia encontrei o Messias duas vezes; fato raro, principalmente porque ele aparece apenas uma vez por semana e, na segunda vez que o vi, foi fora da empresa. Este Messias não é o Salvador, é o coordenador da área de simulação lá do trabalho. De qualquer forma, era o Messias. Prosseguindo com a minha saga, lancei mão dos recursos dos quais dispunha, cartão eletrônico na internet, CD, coração de apertar, coração de chocalate, etc. Só faltou o coração de melão tão propalado pelo mega-brega-star Nahin, nos idos dos anos 80. Porém, no roteiro que escrevi, apenas a minha parte estava ensaiada, mesmo porque só eu conhecia o enredo do filme. Resultado final: meu plano mirabolante foi um fiasco. Enfim, não rolou. Calma lá! Nem tudo estava perdido, afinal eu sou fruto de um espermatozóide que venceu a disputada corrida no ato da concepção. Não iria me entregar, desistir tão facilmente. Mas, naquela hora, só queria não pensar.
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Caí na night, chacoalhei a noite inteira ao som do top DJ Marky, (The best drum´n bass DJ of the planet, um brazuca, fala sério!) e seus convidados no clube "Lov.e" (agora que escrevi, percebi que até o nome do lugar remete à egrégora daquele momento). Já que estava lá mesmo, faço um reconhecimento visual no recinto para tentar algumas abordagens. Tentativa 1, A11. Água! Tentativa 2, D17. Oba! Acertei um submarino. Na mais pura base da brincadeira (eu nem consegui conter um risinho de canto), perguntei à moça: "Você vem sempre aqui?". E não é que ela (cor)respondeu! Bom, o papo seguiu água com açúcar, até ela invocar Jesus, o Cristo. Papo evangélico! Naquela altura do campeonato! Definitly, I'm completely out! Por acaso, meu olhar cruza a mesa de som e avisto o Marky reluzindo em meio às pickups. Eu não queria nem Jesus, nem Genésio, o meu salvador foi o DJ - bem aventurados os clubbers, deles será o reino das baladas. Volto pra pista e fico lá até às 5:47h. Foi uma verdadeira maratona bionergética. Detalhe, eu só bebi uma dose de conhaque, correspondente ao valor da consumação mínima e uma garrafinha de água mineral.
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Decido cair fora, depois de horas submetido a altíssimos níveis decibéicos. Entro no carro, ligo o rádio e o som estava esquisito, sem graves e agudos, apenas médios medíocres. Troco de estação, mudo para CD, mudo de CD e nada; continua aquele sonzinho chocho. Que agonia! Triste constatação, o meu aparelho auditivo estava temporiamente com defeito. Será que estaria condenado a usar o Vienaton? Era como se todas as faixas de frequência de um equalizador gráfico estivessem em 0 db e eu, impotente, sem acesso aos controles. No caminho de volta, desvio para a praça do Por do Sol (Pinheiros, São Paulo), mas ele (Sol) não aparece. Faz sentido; o astro-rei deve ir para a praça só no fim da tarde. Olho para o celular e o visor acusa uma mensagem na caixa postal. Recebo um convite para comparecer cedo ao trabalho porque havia baixado uma determinação do Olimpo (cúpula da empresa). Oh vida! Sozinho, surdo e sem dormir há horas. Passo em casa, tomo um banho rápido e vou pro trabalho. Percebeste que passaram-se 24 horas? Já era dia 13, sexta-feira. Durante o dia, foi difícil administrar o emocional, dolorido, o físico, combalido e, ainda por cima, o stress no trabalho. Mas continuava ali, strong and still alive. No Outlook leio um e-mail truncado dela. Ligo para "Gama" e combinamos nos encontrar para discutir a relação. Tá curioso pra saber o desfecho? Sorry! Paro por aqui! O recado que queria dar já foi transmitido. No bojo do raciocínio inicial, finais felizes são legais na ficção. Mas, prefiro e busco acreditar que existe o "durante feliz". Além do mais, final, ainda que feliz, indica o fim. E se tudo termina, pra que a felicidade?
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No total, contabilizei 44 horas ininterruptas on-line, no ar. Recadinho para o Jack Bauer (24 horas) e para aquele banco (30 horas): o meu dia teve 44 horas, eu superei vocês. E por uma causa hiper-ultra-nobre, a paixão! Einstein estava certo. Na curvatura do espaço-tempo, o tempo dilata, principalmente para os apaixonados, que até ouvem estrelas (Olavo Bilac). No bojo da conclusão, o Super Homem fez a Terra girar ao contrário para voltar no tempo e salvar a Lois Lane, Gil musicou esta metáfora e eu, humildemente, à minha maneira, no meu microcosmo, fiz o dia dos namorados "dilatar" de 24 para 44 horas... por causa de uma mulher. Hasta la vista, baby!
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P.S.-glossário:
Humbertar: verbo derivado do nome do "músico-poeta-letrista-rebelde-cabeça" Humberto Gessinger, eterno engenheiro do Hawaii. Quando se elabora alguma idéia existencialista, geralmente oca, você está humbertando. Ex.: "Quem são eles?/ Quem eles pensam que são?", "Somos quem podemos ser / Sonhos que podemos ter". O verbo foi criado pelo Figgipi-Andgggrè.