Marcos Pereira on-line

29 junho 2007

It´s been an ordynary week. Até que eu vi o Fábio, a Lilianny e o Gero Camilo

Será que estou sensível, em demasia, à eletricidade humana , ou será que as pessoas ultimamente estão ligadas em alta tensão, cada vez mais reativas, intolerantes, agressivas, mal-humoradas? Talvez sim, talvez não. Talvez somente a minha percepção. Talvez as minhas baterias emocionais precisem de recarga. Sei lá! O fato é que nestes tempos modernos, em que tudo se passa muito rápido e as emoções são atropeladas porque não há tempo de refletir sobre elas, ou mesmo vivê-las, na sua plenitude, ainda existe espaço para pessoas que vivem o seu tempo interno em equilíbrio com o externo.

Bom exemplo é o Fábio, ortodontista. É incrível o poder que ele tem de reverter o meu humor quando chego estressado, lá no consultório dele, após um dia difícil no trabalho. Para variar, a consulta estava atrasada. Só iria esperar mais 9 minutos. Foi menos, 7. Depois que entrei na sala, bastaram uns 97 segundos e já conversávamos animadamente sobre música. Comentei sobre a coletânea anual ‘Mauro Jorge Hits Mix 2007’. Ao contrário do ano passado, neste ano a seleção musical está sendo construída mês a mês. E junho, por acaso, só tem música de preto, sem preconceito. Pelo contrário, com muito orgulho. Ao falar dos expoentes da seleção, entre eles Tim Maia, banda Black Rio, Marvin Gaye, Sarah Vaughan e Barry White, o Fábio citou Nina Simone. Bela dica! A voz cristalina de Mrs. Simone era o que faltava para encerrar com um toque de classe o repertório do mês. Valeu, Fábio!

Próxima parada: Espaço Unibanco de Cinema. Aproveitando a promoção ‘Quinta Cinematográfica’ (r$ 4,00 a inteira), fui ver ‘O despertar de uma paixão’ com o Edward Norton. Conheço o ator do filme ‘O Clube da Luta’. (Aqui cabe um grande parentêsis. 'O clube...' é um excelente filme, cujo título pode induzir a uma visão distorcida de que a temática do filme seja a violência pela violência. Visão esta, reforçada pelo crime bárbaro, ocorrido dentro de uma sala de cinema do Shopping Eldorado, durante a sua exibição.) Como a crítica foi favorável, mesmo sem ter assistido, indiquei ‘O despertar...’ para a Lilianny. E ela estava lá, no café do cinema. Tinha acabado de ver o filme. Adorou, até chorou. Eu não chorei (desta vez), mas me comovi o suficiente naqueles 102 minutos de projeção.

Parada casual: Teatro Augusta. Saindo do cinema, desci a rua Augusta. Normalmente, desvio pela Frei Caneca, mas, desta vez, continuei adiante. Ao passar pelo Teatro Augusta, avisto o Gero Camilo subindo a rampa do estacionamento ao lado do teatro. Num ímpeto de deslumbramento ao ver aquela pequena figura grandiosa à minha frente, cumprimentei-o. Demonstrei conhecimento e admiração pelo trabalho dele no cinema, teatro e música. O nosso papo durou outros tantos 3 minutos, no máximo. Constrangido, educadamente ele se despediu e pediu desculpas porque tinha que voltar ao palco, pois estava no meio de uma apresentação.

Pequenos contatos como a consulta com o Fábio, o encontro com a Lilianny no cinema, culminando com a aparição repentina do Gero no meu caminho, ou vice-versa, foram sinais. As boas vibrações emanadas por pessoas como estas são necessárias para recorregar as baterias emocionais. Nem sempre é fácil encontrá-las, tem que procurar. Às vezes elas estão escondidas, ofuscadas, tem que garimpar, descobrir.

14 junho 2007

Matutando na maionese


Parafraseando o mano (James) Brown, 'I feel good'!

Na condição de súdito, quero expressar aqui o meu apreço pela fotografia capitada pelo Isack, no exato momento em que todos, magnetizados, prestavam atenção no pronunciamento de Vossa Majestade, princesa Fabiona (infame contração de Fabiana + Fiona), sentada em seu trono de madeira e envolta em seu manto real. Lembrei do poderio feminino das 'Brumas de Avalon'.

Form não cadastrado em simulação; frase infeliz e irresponsável da ministra ('relaxa e goza'); greve do metrô! Caos no trânsito! Pânico em SP! Pára o mundo que eu quero descer!!! Não, não quero. Foi apenas uma frase de efeito pra chamar a atenção, um 'pitchí'.

Esta quinta-feira teria alguns ingredientes para tornar este um dia para não querer se viver. Teria, conjugação do futuro do pretérito. Ou seja, um evento que pode vir a acontecer segundo um prognóstico, baseado na realidade. E o que é a realidade? Projeção de um mundo criado dentro de cada um? Mas cada um é uno (de unidade, não de carro), sente diferente. Então, o futuro do pretérito é um tremendo engodo que os 'pasquales' da vida insistem em nos ensinar? Sorry, 'se empolguei'. Vou descer da tribuna.

Na verdade (como será?), eu ainda carrego comigo o cheiro do Matutu, mesmo após 7 (conta de mentiroso) banhos tomados. E também o gosto. Afinal, neste exato momento degusto um sanduíche de truta defumada do restaurante 'Kiko & Kika', coberto com fatias de queijo fresco comprado no posto de gasolina do Serginho, acompanhado de um vinho meia-boca (Juniors 3 X 0 Grêmio) argentino, em homenagem ao cicerone-portenho Mariano. Ah! Por cima do queijo tem meia cebola cortada em rodelas e sementes de alcaparra, curtidas em azeite extra virgem espanhol. Show de bola!

Concluindo, deputado(a), gostaria de registrar a minha gratidão a todos que participaram do kensan concentrado em Matutu pela oportunidade de compartilhar momentos gostosos, como a vida deve ser (dobrar cobertor como que trocando passos de dança, espremer laranja à moda antiga, enrolar croquete, caminhar no escuro, guiando e sendo guiado, transpor propriedade particular para um revigorante banho de cachoeira, etc).

Foi bom. Foi mais que eu esperava, baby!

E VIVA ZAPATA!!!
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P.S.: Post concebido ao som de 'Na linha do horizonte', do grupo Azimuth.

P.S.II: Tá bom. McDonalds é junk food. Os lanches parecem sintéticos, de plástico. Mas o Veggie Crispy até que cai bem. Na enxurrada da publicidade do lançamento de Shrek Terceiro, a rede criou este sanduíche de hamburger vegetal empanado, o preferido da Fiona.

P.S.III: Acabei de assistir 'Não por acaso', filme nacional despretensioso. Fala de relações entre pessoas comuns, de forma delicada. E o pano de fundo é a cidade de São Paulo, retratada com rara beleza e poesia. Gostei! Principalmente da cena em que o personagem que trabalha na CET provoca um congestionamento para encontrar a sua filha a tempo de ... Ato eco-sócio-politicamente incorreto, mas afetivamente permitido. Noutro contexto, mas não dá para não lembrar do Superman voltando no tempo para salvar a amada Lois Lane, a metáfora de amor mais linda do cinema.

13 junho 2007

Há braços. Por que não abraços?

Meio-abraço- deitado de ladinho, com uma discreta encoxada no tio Mané
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Seja pela criação, seja pela personalidade introspectiva, cresci ilhado em minha própria massa corpórea - composta mais de osso que de massa, diga-se de passagem –, com escassos acessos a outros corpos físicos. Mas, de uns tempos pra cá, uma questão de tato tem me despertado particular interesse: o abraço.

Passei a perceber conscientemente o poder do abraço no curso de Biodança, técnica terapêutica baseada em estudos reichianos (Reich é o tal da teoria das couraças). Como costuma dizer um praticante chegado meu, qualquer um pode experimentar uma sessão de Biodança. Caso não se sinta à vontade, é só vestir a roupa e ir embora. Desde então, sou atraído por abordagens sobre o tema abraço. Por exemplo, a deliciosa música ‘Alguém Total’ do Luiz Tatit e Dante Ozzetti, na bela voz da Ceumar. A letra descreve em palavras algumas das emoções e sensações contidas num simples entrelaço (bela palavra!) recíproco de braços.

Recentemente me chamou a atenção uma movimentação de adolescentes na avenida Paulista. Algo inusitado, em meio ao corre-corre da metrópole, eles empunhavam plaquinhas com os dizeres ‘abraços grátis’. Abraços grátis é a tradução para a expressão ‘free hugs’, nome da campanha criada por Juan Mann, na Austrália, cujo objetivo é distribuir abraços livremente pelas ruas. Aliás, a campanha tem um vídeo bacanudo lá no Youtube (http://www.youtube.com/watch?v=vr3x_RRJdd4), que já ultrapassou 15 milhões de acessos.

Abraços. Afinal, o que eles transmitem, o que expressam? Existe aquele padrão que serve apenas como comprimento, com direito a tapinha nas costas de bônus. Também tem aquele outro ofertado em datas comemorativas para desejar feliz aniversário, feliz Natal e outros ‘felizes’ eventos constantes no calendário. Há aqueles tórridos, entre amantes apaixonados. Há também aquele abraço acolhedor, acalentador, que consola nos momentos de dor. Sem falar naquele que é um dos melhores, o dos momentos de êxtase nas vitórias. E por aí vai.

Como escrevi num post lá atrás, admiro aqueles que dizem ‘eu te amo’, sem economias. Da mesma forma, sou fã da legião de terráqueos que abraçam calorosamente, transmitindo sentimentos através deste singelo, porém poderoso gesto. Imagina só a maravilhosa tabela resultante do ‘join’ (união) entre estes dois conjuntos de terráqueos? Licenças SQLísticas à parte, encerro este post com os versos finais de ‘Alguém Total’.

“Quem quer um pedaço
Um pouco de alguém
Abraçando tem
E ainda mais
Se o abraço for além de um minuto
Aí é fatal
Envolveu
Você tem
Um alguém total”.
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P.S. poesia (sic!) aspirante a concreta, by mylself

O que é um abraço,
Se não um entrelaço,
Um macio amasso,
Rodeado por braços?

Longo ou curto.
Forte ou fraco.
Respeitoso ou libidinoso.
Terno, quase eterno.

Um abraço envolve, um abraço devolve,
Um abraço abarca, um abraço liberta,
Um abraço perdoa, um abraço revela,
Um abraço celebra, um abraço melhora.

12 junho 2007

Viagens platônicas.

Bem me quer.
Mal me quer.

Ela é majestosa.
Eu sou um ogro.

Diferenças distanciam.
Diferenças aproximam.

Pensamento não cessa.
Sentimento não expressa.

Ó mundo cruel!