Marcos Pereira on-line

11 novembro 2006

Super Duper - TP4 strikes again

Acabo de comprar o mais novo CD do Trash Pour 4, o 'Super Duper'. Aqueles que me conhecem sabem do apreço que tenho pela banda. E o apreço não tem preço, como cantava o MPB4. Se bem que o CD, este sim, tinha preço: custou módicos R$ 19,90, na loja Mega Store da Saraiva no Shopping Eldorado.

O que dizer sobre o Super Duper? No geral, o CD segue a mesma linha do anterior, ou seja, releituras de clássicos da música pop. Releituras? Talvez mais: reinvenções. Os arranjos continuam a surpreender. Por exemplo, ‘Geni e o Zepelin’ ganhou ares jazzísticos. Ficou mais leve, solta e menos dramática em relação à original. Dá até pra prestar mais atenção na historinha contada na letra .

Ah! Tem uma inovação. Pelo comentário acima percebe-se que o 'Super Duper', ao contrário do ‘Recycle Vol. I’ é mezzo muzzarela, mezzo calabreza. Além de músicas internacionais, também tem músicas brasileiras. Em quase todas elas, a Natália faz duo vocal com personalidades do pop-rock-indie-folk nacional. É o caso de 'Fala' do ‘Secos & Molhados’, com a participação do Paulinho Moska. Outra brazuca é a preguiçosa caymmiana 'Maricotinha' com o Marcelo Pretto do grupo 'A Barca'. A Fernanda Takai, do Pato Fu, participa em 'Sufoco', da marrom Alcione. O ex-‘Mulheres Negras’ Maurício Pereira incorpora Herondi e canta (ou suplica) em 'Não Se Vá'.
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Até o Nirvana ganhou uma roupagem inusitada. A deprê-bipolar ‘Lithium’ assumiu a sua vocação chorosa e se transformou num ... chorinho. E o coro lembra os 'Trovadores Urbanos'. Heresia, ousadia ou irreverência? Diria autenticidade, mesmo que pareça um paradoxo, em se tratando de um cover. E não é que a Mariá se sai bem nos vocais?
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De todas as músicas do Super Duper, 'Careless Whisper' é a minha favorita. Tipo assim, amiga, amo de paixão esta versão. Começa com um teminha tocado no teclado, que lembra órgão de igreja ou trilha de fliperama. Nos shows, o TP4 já toca há bastante tempo este clássico do ‘Wham!’, entenda-se, George Michael. Aliás, senti falta de ‘Walk Like An Egyptian’ e ‘She Drives Me Crazy’, outras duas músicas freqüentes nas apresentações ao vivo, mas que ficaram de fora do CD. As outras preferidas da casa são, pela ordem, 'Maricotinha', 'Fala' e 'More Than This'.

Gostei muito da qualidade sonora. No ‘Recycle Vol. I’ já era bem boa, mas neste novo CD as melodias soam ainda mais cristalinas aos ouvidos. Que me perdoe a ala masculina da banda. Embora o Dudu mande muito bem nos teclados e o Gustavo seja um musicista de mão (dedos) cheia, a cozinha da banda é uma atração à parte, que conduz com pompa e maestria o andamento das músicas. A pegada da bateria da Mariá, somada à elegância do contrabaixo pontual da Natália, conferem um tempero todo especial aos arranjos. Prova desta simbiose entre as moças é a faixa ‘Fala’, principalmente no trecho final quando só o Paulinho Moska canta e as moças tocam. O contrabaixo dá a direção e a bateria escancara. Muito groove na veia!
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Dizem por aí que a música, enquanto canção, está desaparecendo. O próprio Tom Zé, no seu novo CD, bebe na fonte da música eletrônica. Apesar de, neste caso, acho eu, mais por experimentalismo que propriamente por estética musical. Tom Zé pode. Tom Zé é maluco-beleza. Ôps! Voltando ao TP4, o que me mais me agrada no grupo é exatamente o simples prazer de ouvir e cantarolar junto. Tenho a sensação de que a banda está tocando no meu quarto ou no meu carro, seja lá onde eu estiver.
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E viva a canção!
E viva o cancioneiro pop, enquanto expressão do estabilishment vigente, a nível de música, no bojo do entertainment cultural. Ou não!
E VIVA ZAPATA!!!