Marcos Pereira on-line

26 dezembro 2006

Melhores de 2006

Considero que o ano de 2006, do ponto de vista do entretenimento foi, no mínimo, interessante e bastante diversificado. Ora vejamos ...

Na internet, o YouTube iniciou a pré-história do que virá a ser ‘ver TV’, assim como o MP3 há algum tempo já revoluciona a maneira de se ouvir e consumir música na grande rede. Ainda na música via internet, o MySpace libertou de vez os músicos das amarras da indústria fonográfica. Só para ficar em dois exemplos que estouraram, antes no site e depois nas rádios e paradas: Gnarls Barkley e Lily Allen.

Nas ondas do rádio, a rede rádio rock ruiu. A emissora cabeça da rede, a 89 FM de São Paulo, há muito tempo já não era tão rock assim; estava mais para o pop comercial. O engraçado é que em 2003, no dia 1º de abril, a 89 brincou de dia da mentira, se passando por uma rádio dance. Na verdade, a brincadeira despretensiosa foi uma infeliz previsão, o fim anunciado de uma rádio que fez história no dial (display?) paulistano. Adeus, 89 FM!

Na TV, a MTV divulgou nota informando que não exibirá mais clipes na sua programação normal. Segundo a emissora, hoje a internet, através do site ‘MTV Overdrive’, um mini-YouTube do canal, se tornou a mídia natural de veiculação de clipes. Estranho, muito estranho! Por que será, então, que o Multishow cada vez mais investe em programas de videoclipe?

E a canção, será que morreu mesmo? Segundo Chico Buarque, sim. Com base nestes tempos frenéticos e numa pesquisa elaborada pela MTV, em que o público adolescente revelou não gostar de letras de música compridas, o maluco-beleza Tom Zé levou esta questão adiante e fez um disco sem palavras, repleto de batidas eletrônicas e fonemas esquisitos. Eu ainda prefiro a velha e boa canção. ‘Menina, amanhã de manhã’ (faixa do ‘Mauro Jorge Hits Mix 2006’), do próprio Tom Zé, na doce e deliciosa interpretação da voz aveludada da Mônica Salmaso, é a prova cabal de que a canção ainda pulsa.

Caê indie? É verdade! Caetano Veloso lançou um CD de rock, com influências da cena indie, tipo ‘Artic Monkeys’. Falando em indie, o mundinho independente, desde 2001, quando os Strokes oxigenaram o rock, vive um boom de bandas. De lá pra cá, apareceram o White Stripes, Franz Ferdinand, Yeah!Yeah!Yeahs!, Libertine e Artic Monkeys, só para ficar nos nomes mais conhecidos. Este fenômeno lembra, em termos de popularidade, o estouro das ’boy bands’ nos anos 90 (Back Street Boys, Five, ‘N Sync, etc). Mas, desta vez, a massificação é para o bem da humanidade. Ou não!

Ufa! Faltou falar de cinema. Então, vamô lá, rapidinho. Meu, fala sério! Cinema argentino é bom pra caramba! O filme ‘Herencia’ é um exemplo de que é possível fazer um ótimo filme com baixo orçamento. Basta ter uma boa história na cabeça, um roteiro bem feito, elenco e equipe competentes e uma (talvez algumas) câmera na mão. Em Hollywood, a Kate Winslet novamente roubou a cena. Depois de ‘Brilho Eterno de uma mente sem lembranças’, ela brilha em ‘O Amor não tira férias’. Por aqui, o filme nacional ‘A Máquina’ foi a invenção cinematográfica do ano, embora não tenha tido o merecido reconhecimento de público e crítica.

Sem mais delongas, eis a minha listinha. Só o filé, a nata, a cereja do bolo, o creme de la creme, blabláblá...

1) Melhor poesia cantada / recitada que mais me emocionou:
‘Milágrimas’ (faixa do ‘Mauro Jorge Hits Mix2006’) - Anelis Assumpção e Alice Ruiz .

2) Melhor cantora que mistura perfeitamente tradição + contemporaneidade: Céu.

3) Música que mais me deu vontade de pegar, de tão gostosinha que é:
'10 Contados' - Céu.

4) Melhor álbum de reinvenções de clássicos pop:
‘Super Duper’ - Trash Pour 4.

5) Melhor música do melhor álbum de reinvenções de clássicos pop:
‘Careless whisper’ - Trash Pour 4.

6) Melhor show:
Comemoração dos 30 anos do álbum 'Estudando o Samba' - Tom Zé, no SESC Santana.

7) Melhor música pop (eu não seria louco de escolher outra):
‘Crazy’ – Knarls Barkley.

8) Melhor álbum nacional de 2005, descoberto em 2006:
'E o Método Tufo de Experiências' - Cidadão Instigado.

9) Melhor música do melhor álbum nacional de 2005, descoberto em 2006: 'Silêncio na multidão’ - Cidadão Instigado.

10) Melhor música que não saiu da minha cabeça nos últimos dois meses do ano:
'Os urubus só pensam em te comer’ - Cidadão Instigado.

11) Melhor show-encontro de música com futebol:
bate-papo musical com Tom Zé, Ugo Giorgetti (Boleiros), Nazi (Ira!) e excelente banda de apoio (Vange Milliet, Paulo Lepetit, Gigante Brasil, Mariá Portugal e outros), no SESC Pinheiros.

12) Melhor evento musical temático:
‘Vozes da Cidade’, homenagem ao movimento ‘Vanguarda Paulistana’, no SESC Pompéia - com Luiz Tatit (Rumo), Suzana Salles e Virgínia Rosa (banda ‘Isca de Polícia’) e outros.

13) Melhor podcast:
Discofonia - Guilherme Werneck.

14) Melhor acontecimento do meu mundo internético:
assinatura de internet banda larga.

15) Melhor descoberta do meu mundo internético:
iTunes.

16) Melhor filme:
‘Herencia’, dos los hermanos argentinos.

17) Melhor filme nacional:
‘A Máquina’.

18) Melhor road movie brasileiro:
‘Árido Movie’.

19) Melhor filme sobre relação adolescente/família:
‘C.R.A.Z.Y.’ .

20) Melhor roteiro original e filme mais divertido:
‘Pequena Miss Sunshine’.

21) Melhor título de filme com menção a um ex-planeta:
‘Breakfest in Pluto’ ('Café da Manhã em Plutão’).

22) Melhor ator:
Wagner Moura.

23) Melhor atriz mirim:
Daniela Piepszyk, a garotinha Hanna do filme ‘O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias’.

24) Melhor atriz adolescente:
Ellen Page, a protagonista de ‘Menina Má.com’

25) Melhor atriz sedutora na simplicidade:
Kate Winslet.

26) Melhor seriado adolescente:
‘Mudança de Vida’ – TV Cultura (passa às segundas, às 20:30h).

27) Melhor pão caseiro:
o da padoca que fica no início da Joaquim Eugênio de Lima.

28) Melhor recheio caseiro para o melhor pão caseiro:
cebolas cortadas em rodelas e curtidas no azeite com manjericão.

29) Melhor talharim regado ao molho de lingüiça calabresa com alcaparras e ervas finas:
o meu.

30) Sobrinho-amigo mais cool:
o Lucas.

31) Melhor e mais tocante depoimento na minha página do Orkut:
o do Filipe.

32) Melhor romance estrangeiro:
‘O Caçador de Pipas’ - Khaled Housseini.

33) Melhor romance nacional:
‘Eu Ouviria as Piores Notícias dos Seus Lindos Lábios’ - Marçal Aquino.

34) Segundo melhor romance nacional:
‘Dois Irmãos’ - Milton Hatoom.

35) Melhor romance clássico nacional:
‘O Encontro Marcado’ - Fernando Sabino.

36) Melhor romance clássico estrangeiro que eu ainda não terminei de ler:
‘Crime e Castigo’ - Fiodor Dostoiévski.

37) Melhor programete de rádio:
‘Buemba Buemba’ com o José Simão - BandNews FM.

38) Melhor âncora de jornal no rádio:
Ricardo Boechat - BandNews FM.

39) Melhor iniciativa cidadã em rádio:
‘Rádio Pára-choque’ com os Doutores da Alegria, na rádio Eldorado

40) Melhor comercial de rádio:
o da coleção ‘Cozinha País a País’ da Folha – aquele em que um japonês, que trabalha num restaurante italiano, atende o telefone e o cliente não acredita na situação e insiste em pedir comida japonesa.

41) Melhor programa de rádio na hora do happy-hour, às sextas:
’Fim de Expediente’, na CBN com a apresentação do Dan Stulbach e seus amigos.

42) Melhor programa de rádio na hora do rush:
‘Estação Cultura’, na rádio Cultura FM, com apresentação da Gioconda Bordon.

43) Melhor disco de músicas remexidas da maior banda de todos os tempos:
'Love' - The Beatles.

44) Melhor time do mundo:
a seleção brasileira de voleibol masculino.

45) Melhor lugar do mundo:
é aqui e agora.

Demorô !!! Felizes Anos Novos !!!
Feliz Eternidade !!!

E VIVA ZAPATA !!!


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P.S. complemento da lista dos melhores de2006


46) Momento mais mágico:
o toque de pata com mão espalmadas, à la comemoração de ponto, do monstro-propaganda da Caixa ao passar por mim no corredor de um shopping.

47) Banda brasileira mais hypada no exterior:
Cansei de Ser Sexy, ou 'CSS', para os íntimos. O 'Bonde do Rolê' segue na mesma trilha.

48) Melhor programa de (anti) entrevista:
Irritando Fernanda Young - GNT.

49) Segundo melhor comercial de rádio:
o da cerveja Bavaria Premium - aquele em que o Pedrão do churrasco fala para o amigo que a Bavaria Premium acabou e o 'amigão' não processa a informação e pede, repetidamente, a cerveja que acabou. O Pedrão fica irritado e o amigo o convida para se acalmar bebendo uma Bavaria Premium.

50) Melhor passeio ciclístico Santos-Guarujá, que completou 5 anos:
'Parada Irada'.

51) Melhor holding que patrocina os meus projetos:
Mauro Jorge Corporation, a megacorporação que engloba as empresas Mauro Jorge Records, Mauro Jorge Press, Mauro Jorge Sports, Mauro Jorge Transportes Rodoviários e a recém-inaugurada Mauro Jorge Net.

52) Melhor locução/imitação de uma chamada sonora para a Parada Irada:
a do Edu (Carlos Eduardo Cunha).

53) Melhor amigo pré-adolescente de São Vicente que é filho do melhor locutor/imitador de uma chamada sonora para a Parada Irada:
Carlos Henrique.

03 dezembro 2006

Bicampeão! Bicampeão!



Depois do Hexa na Liga Mundial, hoje foi dia do bicampeonato no Campeonato Mundial de Vôlei Masculino. E falar desta seleção é chover no molhado. Então, que venha a chuva, amigo!

A grande injustiça foi a não eleição do Ricardinho como melhor levantador da competição. Ele arrisca muito, mesmo quando o passe é meia-boca. O levantamento nas pontas está mais para um lançamento em linha reta do que para o convencional toque, que descreve o desenho de uma parábola. Trata-se de uma estratégia para acelerar as jogadas e, com isso, dificultar a armação do bloqueio/defesa do time adversário. No voleibol atual, jogar com velocidade é fundamental, principalmente para um time como o Brasil, cuja estatura média dos jogadores é considerada baixa para os padrões atuais. Como bem disse o Bebeto de Freitas, um dos responsáveis pelo boom do vôlei no Brasil na década de 80, o Ricardinho é um maluco que perseverou na sua insanidade. E, como mostra a história, os malucos, a princípio incompreendidos, quando bem sucedidos, podem se tornar gênios.

Ávido por informação de bastidores de quem já esteve na seleção, o difícil para mim foi acompanhar a cobertura da Globo e SporTV, sem perder nenhum detalhe. No SporTV o destaque foi o Bebeto de Freitas e, na Globo, o Tande. O ex-campeão olímpico, além do esperado domínio do assunto, é muito conciso e objetivo nos comentários, sem fazer firulas. O cara é alto astral e nos brinda com histórias deliciosas. Por exemplo, no seu retorno à seleção, após uma pausa para jogar na praia, ele disse que o vôlei estava bastante diferente. No dia-a-dia, o que mais o impressionou foi a violência dos ataques do Dante. Era aterrorizante ver a figura do atacante não parando de crescer acima da rede e ele impotente, na condição de defensor, sem nada a fazer senão tentar defender a si próprio, antes da bola. O bacana é que o Tande contou isto com muito bom humor. E as pedradas do Dante se confirmaram neste Mundial, sendo ele eleito o melhor atacante da competição.

Afinal, até onde vai este time? Segundo o Bernardinho, a tarefa mais difícil é manter a motivação e evitar que os jogadores caiam na tão famigerada ‘zona de conforto’, de quem já está satisfeito com todas as conquistas. Um dos motivos que mantém a chama do grupo acesa é a constante renovação. Desde 2001, com esta comissão técnica, jogadores importantes deixaram a seleção, tais como o Giovani, Maurício e Nalbert. Os substitutos Giba, Ricardinho e Dante mantiveram e, por que não dizer, até elevaram o nível do time.

E agora, depois de tantos títulos, o Brasil pode ser considerado o melhor time de voleibol de todos os tempos? Na minha modesta opinião, só falta vencer a próxima Olimpíada para este time se consagrar definitivamente como o melhor da história. Em termos de importância de títulos conquistados seguidamente, o Brasil empata com a ex-URSS, atual Rússia, e com os Estados Unidos. Os soviéticos, venceram os campeonatos mundiais de 1978 e 1982 e a Olimpíada de 1980. Já os norte-americanos foram bicampeões olímpicos em 1984 e 1988 e campeões mundiais em 1986.. O Brasil é o atual bicampeão mundial (2002/2006) e campeão olímpico (2004).

Mesmo que se este ciclo de vitórias se encerre por aqui, a seleção brasileira masculina de vôlei já conquistou o seu lugar na história. Quando o presente virar passado, eu vou me sentir um privilegiado por ter vivido na geração que viu Michael ‘Air’ Jordan ‘voar’, Maradona brilhar e o Brasil dar espetáculos no meu esporte favorito.