Marcos Pereira on-line

26 dezembro 2010

Retrospectiva perdida de 2010: meia maratona do Rio

'close' da medalha de participação

Praia e sol, Maracanã, futebol, Flamengo!
Outrora o Rio foi a cidade maravilhosa cantada e decantada em verso e prosa por Bebeto e seus congêneres. Hoje, como escreveu Fausto Fawcet, é o ‘purgatório da beleza e do caos’.

Um exemplo deste caos é o itinerário dos ônibus. Definitivamente, eu não entendo os percursos dos ônibus do Rio. Como já escrevi em outra oportunidade, os coletivos seguem o princípio da incerteza de Heinsenberg , ou seja, assim como não é possível identificar a posição do elétron no átomo, também não é possível saber o itinerário de um ônibus na cidade maravilhosa

Vamos à corrida ... Foi de superação, do início ao fim. O ônibus 176 (Central do Brasil – São Conrado) atrasou e cheguei 33 minutos após o início da prova. Ué! Cadê todo mundo? A aparência era desoladora. O cenário estava mais para fim de festa que para corrida. Garis recolhendo copos de água plásticos espalhados pelo chão e a organização dobrando os tapetes receptores de sinais dos chips dos corredores. Desesperado, bradei retumbante ‘ei, peraí moço, deixa eu pisar’.

E ali começou a minha corrida particular de recuperação. Imbuído do espírito de um Senna, como que saindo dos boxes, fui galgando quilômetro e quilômetro na Av. Niemayer , apreciando o belo mirante à beira-mar (e pensar que 24 horas antes, aquela paisagem deslumbrante havia sido cenário de uma verdadeira guerrilha urbana travada entre traficantes e policiais!). À agonia de querer alcançar os ‘retardatários’, somou-se a garra de um guerreiro espartano-paulista em terras fluminenses, correndo para ‘entrar’ no grupo dos 15.000 participantes. A trilha sonora daquele momento bem poderia ser ‘Alone Again (naturally)’ ou mesmo a chorosa, ‘All bymyself ‘. Sim, eu sozinho, de novo, naturalmente.

Somente lá pelo Leblon, quase Ipanema, avistei os primeiros, ou melhor, os últimos corredores de camiseta azul (cor da camiseta da corrida). No início eram raras, eram poucas. Porém , à medida que eu aumentava as passadas, as camisetas aumentavam consideravelmente em número. Enfim, já em Copacabana eu entrei definitivamente na prova. É amigo! Nunca antes na história das minhas meias-maratonas eu ultrapassei tantos gordinhos e velhinhos retardatários.

E no Km 13, despontando para a praia de Botafogo, o ritmo estava intenso. Ali é onde os meninos se distinguem dos homens. Mas, o encontro marcado era mesmo no Km 15, início da praia do Flamengo. Todo ano eu corro para chegar inteiro lá. O sol ardia o suficiente para minar as energias. Porém, não me fiz de rogado. Aquele desespero do início acendeu em mim uma chama que continuou acesa durante toda a corrida. Sem mais metáforas, eu simplesmente estava inteirasso.

A partir do Km 19, liguei o iPod para ouvir as mensagens de apoio moral gravadas por pessoas queridas (destaque para a mensagem com sotaque caboclo do tio Mané). Mas, no último quilômetro eu queria música. E ‘Planet Rock’ (Africa Bambaata) encerrou com chave de ouro a mais emocionante meia-maratona da minha vida.
Demais !!!