Marcos Pereira on-line

30 setembro 2021

Eu preciso dizer que te amo, Pietro. Feliz 4 anos !!!

            

              all text

 




Pietro pra todo gosto: risonho, zoiudo-com-2-dentinhos, c/ fralda tipo pato Donald, c/ a queridinha e queridíssima Larissa, fortinho na piscina, visual "Paulinho" (menino-homenzinho, arrumadinho com cabelo curto), etc.

------------------------------------------------------------

Sem o tio Mané no planeta e a Larissa longe, do outro lado do globo (leste do meridiano de Greenwich; sim, a Terra é redonda), lá por 2017 eu andava desamparado, acabrunhado (gosto da sonoridade desta palavra!), tipo tudo está perdido, sem um porto seguro emocional que acendesse meu lado criança. Lado esse vital para o equilíbrio com outras personas que me habitam.

Até que, há exatos 4 anos, o Pietro emergiu à Terra. De início, pouco afeito a paparicos e assédios na linha de bilu-bilus e guti-gutis na bochecha, mantive distância regulamentar. A virada aconteceu quase 3 meses depois quando, numa madrugada, ele chorava compulsivamente, perdendo o fôlego ao final de cada rajada sonora estridente. Acordado pelos berros e único adulto por perto, peguei-o no colo. Aos poucos, se acalmou e voltou a respirar normalmente. Cansado, devido ao extremo esforço cardio-respiratório, dormiu aconchegado no meu peito. Naquela hora, sem me dar conta, nasceu um vínculo, um afeto entre nós. Precisávamos um do outro e aquela foi uma oportunidade para aproximação. 

Desde então, acompanho e tenho participado do seu crescimento: fui babysitter durante noites, compareci a consultas médicas, exames clínicos e eventuais idas ao pronto-socorro. Sim, sou babão. Pudera! Ele é apaixonante. Acho admirável a habilidade como ele organiza e calcula espacialmente seus movimentos e a forma precisa como pega e pinça os objetos. Que coordenação motora, amigue! Logo descobriu o celular, ganhou um tablet e se revelou um ás nos joguinhos. Impressionante o reflexo para desviar de obstáculos e caçar recompensas. Parafraseando o ex-apresentador-global-dominical, ô loko, meu! Esse é fera, tanto no pessoal como no digital, blábláblá,  blábláblá ...

No final de 2019, se encantou com o Papai Noel e o espírito natalino. Depois, já em 2020, enclausurados na pandemia, recuperamos e fomos salvos por um quebra-cabeças simples com peças de madeira e figuras de animais. Virou febre; não queria mais parar de brincar. E assim seguimos, assistindo desenhos animados non-sense (irmão do Jorel) e outros mais convencionais (Peppa e Dora Aventureira), pulando na cama elástica, pulando do sofá que nem 2 lokas gritantes-saltitantes, brincando de cavalinho, dormindo juntinhos, etc. Com o Pietro eu não tenho vergonha de ser ou parecer ridículo.

Mas, algo estava fora da ordem no seu desenvolvimento. O atraso na fala e comportamentos estereotipados sugeriam algum tipo de distúrbio. Após poucos meses de tratamento, a evolução da sua capacidade cognitiva tem sido espantosa. Cada vez mais, fala e se expressa muitíssimo bem. Minha impressão é que a dificuldade na fala e, consequente impossibilidade da materialização de coisas e emoções vocalizadas na forma de palavras, gerava nele sensações de isolamento, incompreensão e angústia. A partir do momento que começou a se comunicar e ser entendido, enfim, interagir, tudo mudou. Ele se apropriou da sua identidade e personalidade e se percebeu pertencente ao mundo.

Já citado lá no início, peço licença cósmica ao tio Mané ("in memorian"; se estiver na Nebulosa M-78, manda um abraço pro Ultra Seven), para usar passagem do texto em homenagem a ele (http://mp-online.blogspot.com/2016/12/para-e-sobre-o-tio-mane.html), alterando o tempo verbal para o presente. Ele há de compreender ...

"A nossa cumplicidade se resolve apenas na companhia um do outro".

Assim acontece comigo e o Pietro ... corremos como o Sonic, comemos pipoca lançando para o alto, mirando para fazer cair na boca (erramos o alvo, invariavelmente); quando ele espirra, eu respondo com um espirro fake e ele devolve com outro fake e assim, sucessivamente, até descambarmos para o riso fácil e farto, e por aí vai. Também discutimos sobre a cor do farol de trânsito. Ele insiste que é azul e eu digo que é verde. Procede. O verde dos faróis de São Paulo é um pouco dúbio mesmo. 

Hoje nossos encontros se restringem aos domingos. Mais intensos porque mais breves, aproveito cada minuto com o Pietro, pois logo chegará a segunda-feira e minhas personas adultas cobrarão energia e leveza de criança para encarar a realidade. Qualquer semelhança com "Monstros S.A." é mera inspiração na ficção infantil.

Então, com isto tudo posto, exposto, fruto de pensamentos e sentimentos remixados no inconsciente e trazidos à tona, sem mais delongas, só me resta dizer (escrever): eu amo o Pietro. Simples, desmedida e incondicionalmente assim!

Viva o tio Mané!

Viva a Larissa!

Viva o Ultra Seven!

Viva o Sulley e Mike Wazowski!

Viva Zapata!

E viva o Pietro!!!

Feliz 4 anos!!!!!!!


--------------------------------------------------------

P.S.: no Top 7 dos momentos que passarão no filminho de flashback, nos instantes derradeiros, antes de eu deixar o planeta, 
alguns já estão programados. Um deles aconteceu poucas semanas atrás: a primeira vez, consciente, que o Pietro entrou no mar. Foi no Posto 2, em Santos. Misto de emoção e medo, ele não cabia em si mesmo de tanta alegria, fascinado com as ondas vindo e a água recuando sobre os pezinhos dele. Fiquei à distância, só observando e assessorando nos pulinhos das ondas maiores. De repente, ele me chama "vâmo junto, Karro". Foi mágico! De 2 lokas gritantes-pulantes de sofá, passamos a 2 lokas gritantes-pulantes de ondas do mar (ondas do mar = de 19 a 37 cm de altura).

P.S. II: e o que falar do look praieiro do Pietro? Cabelo ao vento, tronco fortinho, perninhas bem torneadas e sunguinha do Homem de Ferro. Lindão!

P.S. III: por um tempo me chamou de mãe. Hoje, de Karro. Gosto de ambos.