Marcos Pereira on-line

05 novembro 2004

Top Winamp da Madrugada – as músicas que bombam no meu MP3 Player, comentadas uma a uma

Geraldo Azevedo - Táxi Lunar

“(...) apenas apanhei na beira mar,
um táxi pra estação lunar (...) ”

Letra viajandona + melodia magistral = Táxi Lunar

Queen – Jealousy

Não adianta procurar. Não está no “Queen The Greatest Hits”. Tá no “Jazz”.
Aquela bicha cantava pra caralho!

Cake – I Will Survive

Releitura esplêndida de um clássico da disco-music. Cada instrumento, tá tudo posto no seu devido lugar. A voz, algo monocórdica, a linha de baixo pontuando cada nota, o trompete temperando a "cozinha" e a guitarra levemente distorcida, bailando por sobre tudo isto.

New Order - Blue Monday

Absolutamente definitiva! No século XXVII, quando as pessoas e ETs se reunirem para uma rave intergaláctica, certamente, na tenda do planeta Terra, "Blue Monday" vai encher a pista.

Yeah Yeah Yeahs – Maps

Agonizante, cortante, dilacerante e outros “antes”. E ainda por cima a Karen O é sósia de voz da Chrissie Hynde. Reza a lenda que existe uma versão ao vivo com o White Stripes. Se achar, me manda.
P.S.: Please, não corte os pulsos, Débora.

Franz Ferdinand – Take Me Out

Indie-pop contagiante, me pegou. Dizem que 2003 foi o ano do White Stripes e 2004 é o ano do Franz Ferdinand.

Rogério Skylab - O Meu Pau Fica Duro

O título pode induzir, mas não é baixaria.
Trash, reconheço.
Diferente, recomendo.

Jackson do Pandeiro - Tem Mulher, Tô Lá

Declaração simples e direta de amor às mulheres, vindas de um cancioneiro legitimamente popular.
Antes de virar “cult”, eu já ouvia J.P. no tio Mané. Habla sério, o Tio Mané é vanguarda total!

Jackson do Pandeiro - Tum, Tum Tum

O arranjo orquestrado lembra as chanchadas da Atlântida ( Mazaropi, Zé Trindade, Oscarito, Grande Otelo). Dá vontade de dançar acompanhado, redondo, rebolando os quadris.
Grande JP, o único artista bisado da lista.

Tim Maia – Réu Confesso

Se eles têm James Brown, nós temos Tim Maia. Precisa mais? Fizeram até um festival com o nome dele. By the way, logo mais à noite estarei lá.

Hyldon – As Dores do Mundo

Canções românticas recheados de “tchu tchu ru tchus”
Amores desfeitos, saudades da amada. Esta é a seara do Hyldon. Fórmula infalível de sucesso.

02 novembro 2004

"O DIREITO DE SOFRER" - Sinopse da Novela

PREFÁCIO

A primeira novela mexicana globalizada com pitadas de trash, psicodelismo e filme chinês de luta marcial. Todos os clichês que você espera de uma autêntica novela mexicana reunidos numa só. Depois dos "reality shows", um novo conceito em entertainment televisivo.

The ultimate Mexican novel is coming...

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TAKE 1 : Anderson-Augusto & Kassandra-Elizandra, the perfect couple


Anderson-Augusto Gutierrez era um engenheiro de minas que trabalhava para a MEXICOPETRO. Tinha uma carreira promissora ao lado da sua esposa, uma competentíssima designer de interiores, disputada por 11 entre 10 socialites da grande Mexico City. Kassandra-Elizandra era o símbolo da mulher ativista, engajada em causas sociais. Visitava guetos, lutava pelos direitos civis das minorias; enfim, era admirada por todos os rincões onde transitava.

TAKE 2 : A gravidez

Para completar o quadro feliz, Kassandra-Elizandra descobre que está grávida. Tudo correu bem durante a gravidez. O exame de ultrasom revelava uma grata surpresa para o casal: era uma menina, como eles queriam. Chega o esperado dia. Papai Gutierrez com a filmadora em punho, registra cada cena do parto. De repente, não mais que de repente, Kassandra-Elizandra padece de um mal súbito e morre, enquanto a pequena Pamella-Angélica chega ao mundo. Que triste ironia reservou o destino naquela sala de parto! Ao passo que uma vida vinha ao mundo, outra se esvaia. Anderson-Augusto não entende direito o que estava acontecendo. "Por que Deus? Por que logo comigo?", indaga-se ele a si próprio, reiteradas vezes, sem encontrar respostas plausíveis, que aliviem o seu sofrimento.

TAKE 3 : Outra morte

Alguns meses depois, refeito da dor da perda, Anderson-Augusto decide fazer um check-up rotineiro e descobre que tem câncer de próstata. À essa época, a pequena Pamella-Angélica já ensaiava os primeiros passos e solfejava um meigo "pppapppa". Era o início de uma nova batalha, mais uma. Não! Ele definitivamente não iria se dar por vencido. Pamella-Angélica precisava do pai, mais do que nunca. Porém, num belo dia, ao sair do hospital, depois de uma consulta da pequena Pamella-Angélica com o seu pediatra, um desvairado motorista dirigindo em alta velocidade, numa daquelas peruas japonesas, ultrapassa o farol vermelho e vitima o nosso pobre Anderson-Augusto. Pamella-Angélica escapa ilesa do acidente. Entretanto, o nosso dileto Anderson-Augusto não resiste ao traumatismo craniano e morre estendido sobre a suposta faixa de segurança.

TAKE 4 : Quem é Mauro-Mário?

O meliante foge da cena do crime. Infelizmente, nenhum transeunte presente na cena do assassínio anota o número da placa. Alguns quilômetros, distante da Av. Pancho Villas, Mauro-Mário, o infrator-assassino, estaciona a sua portentosa máquina num lava-rápido, a fim de retirar o sangue que manchava o capô e, com isso, eliminar qualquer vestígio que o denuncie. Às 11:33h daquela quente manhã de terça-feira, Mauro-Mário adentra ao prédio da poderosa representante da indústria fonográfica, a Somy Nusic. Lá, ele ocupa o cargo de diretor de marketing artístico da gravadora.

TAKE 5 : As armações

Na sala de reuniões, do alto do 17º andar da Somy Nusic, todos estão aflitos com a demora. Afinal, a reunião de lançamento dos novos contratados, ou melhor, crias, para integrar o cast da gravadora, estava marcada para as 10:03h. São eles:

1) Shikara. A musa cucaratcha agora está ruiva e cantando em inglês. "Anytime, Anywhere" foi a primeira música de trabalho escolhida. O sensacional CD ainda conta com as participações especialíssimas de Humberto Gessinger (Engenheiros do Hawaii), num duo-vocal de fazer arrepiar desde o dedão do pé até o último fio de cabelo (que esteve grudado em nosso suor...). Nos backing vocals, ninguém menos do que a grande Celine Dion. Alanis Morrissete é citada em pequenas inserções incidentais. Britney Spears também participa fazendo playback no estúdio (don't ask me how!).

2) Orangotanggoz. Trata-se de um projeto pop-experimetal, liderado pelo vocalista da banda pop brasileira Blitz. O Orangotanggoz só existe nos clipes. A arte gráfica do projeto coube ao grande Wander Wanderson Wazquez, o famoso W.W.W., graduado pelo respeitável M.I.T. e P.H.D. em Harvard... TO BE CONTINUED...

3) M.P.R. (Mallas & Pablo-Richard). Depois de anos fora do mercado, o grupo está de volta. "Ruivas Xokas" está com arranjos novos. Certamente vai emplacar.

TAKE 6 : Adriana-Marinalva e Filipe-André

Mauro-Mário tem uma irmã, Adriana-Marinalva. A moçoila habita uma cobertura triplex, na badalada zona sul da cidade do México. Seu hobby é viajar pelo mundo, conhecendo as novidades e tendências do mundo fashion e descobrindo novas culturas alternativas. Ela é antenada com a cena musical contemporânea. Em sua vida, são recorrentes as escalas Cancún-New-York-London-Tokio-Paris-Rome-Aspen-Ibiza.
Era então fevereiro de 2001. Zapeando os canais a cabo, Adriana-Marinalva se detém num canal de TV brasileiro. Para ela, o Brasil é um longínquo país exótico situado na América do Sul, cuja capital é Buenos Aires. O tal programa versava sobre uma festa típica popular que ocorria naquela época do ano, o carnaval. Curiosíssima, Adriana-Marinalva procurou informações na internet e conseguiu comprar, de última hora, o abadá para participar da festa, no bloco do Carlinhos Brown. Enquanto isso (na sala de justiça...), lá em Salvador, Filipe-André (lê-se "Figgipi Andrggè") ensaiava para comandar o trio elétrico. Filipe-André é um cafuzo de 1,57m, olhos amendoados e porte físico semelhante ao do pugilista Popó. Foi criado no bairro do Candial, participando ativamente na criação da Timbalada. Desde pequeno - cronologicamente falando, porque de estatura, ele ainda continua (pequeno) -, Filipe-André compõe axés e pagodes. As maiores influências musicais, que moldaram o seu estilo musical, são os grupos "Ronaldo e os Barcellos" e o "Negritude Júnior", principalmente da fase das clássicas "Cohab City" e "Tanajura".
É chegado o grande momento. Adriana-Marinalva mal espera para poder colocar os pés na praça Castro Alves. No começo, estranha todo aquele alvoroço: Mulheres trajando vestes mínimas, gays histéricos e afetados (pleonasmo?) por todo lado, homens sedentos de desejo. Cheiro de libido no ar! Após o segundo capeta, ela já tá chamando Jesus de Genésio, urubu de meu louro e entra de cabeça na dança do põe-põe. Em meio àquela multidão, os olhos de Filipe-André e Adriana-Marinalva se entrecruzam. Paixão à primeira vista. Depois do show, Adriana-Marinalva se dirige ao camarim para conhecer Filipe-André e, papo vai, papo vem, ..., krau! No dia seguinte, ou melhor, no mesmo dia, ao acordarem, Filipe-André leva Adriana-Marinalva para um tour por Salvador. Tiram fotos no Pelô, compram souveniers no Mercado Modelo, fitinha do Senhor do Bonfim e apreciam o pôr-do-sol do alto do elevador Lacerda. O tema de amor que embala estes momentos é "Borbulhas de Amor". Chega então a quarta-feira de cinzas. Hora de dizer adeus. No saguão do portão de embarque do aeroporto, Adriana-Marinalva tenta convencer Filipe-André a embarcar junto com ela para o México. Lá, ele teria oportunidade de ingressar na Somy Nusic e construir uma carreira sólida na América Latina. Filipé-André, apesar da paixão incontrolável, decide permanecer em Salvador para dar continuidade ao trabalho social no Candial (Isto é que é idealismo! Na minha terra, seria chamado de cuzão!)... TO BE CONTINUED...
TAKE 7 : Marcos-Manoel e Cristina-Raquel

Data de 1967 o Monterey Festival, Califórnia (EUA). Entre muitos BGs e malucos-beleza presentes ao evento, lá estão Rosely-Michelle, uma graciosa estudante francesa, e o secretário de ervas de Kingston, o jamaicano Robert-Charles. Enquanto Jimi Hendrix solava em "Purple Haze", entre um acorde e outro, Marcos-Manoel era concebido. O nome do rebento foi uma homenagem aos avós de Robert-Charles, que são de ascendência mexicana. Rosely-Michelle entrega o recém-nascido Marcos-Manoel ao pai e parte rumo a Paris, a fim de participar do movimento estudantil de maio de 1968.
De volta à Jamaica, Robert-Charles funda uma fábrica de tênis, cuja matéria-prima é a folha de cânhamo. O produto não foi bem entendido pelo público e, numa tentativa frustrada de fumar o tênis, um cliente, acidentalmente, provocou um incêndio de enormes proporções e destruiu a fábrica. Por sorte, Robert-Charles ainda era secretário de governo e conseguiu se reerguer financeiramente. Mas, numa tarde de 1979, enquanto despachava do seu gabinete, Robert-Charles sente fortes pontadas na região do coração e sofre um fulminante e fatal infarto do miocárdio. Marcos-Manoel contava então com 11 anos. Sem tutores na Jamaica, os seus avós o trazem para o México.
Na rua onde morava a nona Emília-Catarina e o nono Rodolfo-Geraldo, residia também uma inocente e indelével menina, Cristina-Raquel, a cândura em pessoa. Cristina-Raquel desperta o interesse do pré-adolescente Marcos-Manoel. Ela gostava de ouví-lo falar sobre a história do reggae, pois ele havia presenciado "in loco" o nascimento do gênero musical.
Cristina-Raquel e Marcos-Manoel eram unha e carne, arroz com feijão, mandioca com carne-seca, pastel com caldo de cana, ou seja, um complementava o outro. Após as aulas de balé clássico no Municipal, o casal dispendia horas ouvindo reggae e trocando confidências amorosas. O tema de amor do casal é Estoy Enamorado [Cabe aqui um break, meu caro internauta. A música ainda não havia sido composta. Trata-se de uma permissão novelística. Aliás, o tema não deveria ser um reggae?]. Nos finais de semana, os dois jogavam tênis com os familiares, praticavam equitação no Country Club, frequentavam as sessões de cinema, comiam junk food no Taco's Bell, iam ao jardim zoológico, jogavam fliperama, etc. Mais que dois namorados, eles eram duas almas gêmeas, cuja união fora arquitetada no plano astral, com o "de acordo" dEle.
Em 1993, Cristina-Raquel se forma em Oceanografia e Marcos-Manoel termina o bacharelado em Música, defendendo a tese "A influência dos tambores aborígenes no movimento Hip-Hop". Decidem se casar em 1994. Em 1995 nasce o primogênito, Gabriel-Miguel - tudo terminado em "el", did you realize? Tudo parece bem, só que Marcos-Manoel é adepto da linha marxista-trotskista-leninista e, diante da perseguição política que sofre, decide emigrar com a família para a Albânia.... TO BE CONTINUED...

TAKE 8 : Back to Pamella-Angélica

Lembram da Pamella-Angélica (vide takes 2 e 3)? Pois é! Ela está de volta neste take. By the way, é a personagem central da trama, believe me!
Com a morte dos pais, Pamella-Angélica passa a viver com a avó cega, Sonia-Solange. Durante as férias escolares, as duas vão passar férias num país exótico da América do Sul, o Brasil. Vão direto para o Rio de Janeiro conhecer a mais nova coqueluche da cidade, "The Ramos' Big Swimming Pool" (com a tecla SAP, "Piscinão de Ramos"), conforme atestava o informe turístico. A pobre vovózinha Sônia-Solange é picada pelo Aedes aegypti, contrai dengue hemorrágica e morre na ambulância, antes de chegar ao hospital.
De volta ao México, superando todas as tragédias que a vida lhe impôs, mas ainda viva, Pamella-Angélica graduou-se em Veterinária e se filiou ao Greenpeace. Seguindo a tradição altruísta de sua mãe, Pamella-Angélica lidera a campanha para salvar as baleias azuis, com manchas róseas, da extinção. Numa das conferências do Greenpeace, realizada em Beijin (antiga Pequim, China), Pamella-Angélica conhece Chen-Tsé-Ping-Pong. Mesmo com a barreira da língua, os dois se identificam. Paixão à primeira vista - depois que o chinês abriu os olhos, é claro! Enquanto os dois saboreiam um Big Mac (com carne de cachorro), no McDonalds de Downtown, o tio de Chen subitamente arrasta o moço do colo do Ronald (McDonald) para socorrer Sun-Hai-Ping-Pong. Sun-Hai, primo de Chen, se envolvera com a máfia chinesa e caíra numa emboscada. Chegando a um beco obscuro, nos arredores de Downtown, Chen assiste, atônito, seu primo sofrer duros golpes. Sun-Hai não resiste aos ferimentos e morre. Chen-Tsé, tomado de sentimento de cólera, parte para o ataque, para vingar a morte de seu primo. Durante os primeiros minutos da luta, ele só apanha. No final, movido pela de vingança, Chen se recupera e, numa sensacional reação, utilizando o estilo garça-dourada, liquida com os 11 capangas que o cercavam.
Chen volta ao Mac, explica os últimos acontecimentos (acho que em inglês, sei lá eu! A novela saiu do meu controle, help!!!) à Pamella e ela o convence a ir para o México... TO BE CONTINUED...
TAKE 9 : ECOS DO PASSADO
De volta ao México, incentivada por Chen, Pamella-Angélica decide procurar pelo tio Rogério-Wanderley, o único remanescente da família Gutierrez.
No passado, os irmãos Anderson-Augusto (morreu no take 2) e Rogério-Wanderley haviam brigado pela disputa do amor de Kassandra-Elizandra (morreu no take 3). A pequena Pamella-Angélica, até então, não conhecia o tio e foi ter com ele no escritório em Guadalajara. Rogério-Wanderley era um advogado bem sucedido, especializado em questões trabalhistas. Tinha boas relações junto aos sindicatos e, ao mesmo tempo, era respeitado pela classe política. Quando estourava alguma greve, lá estava ele, desempenhando com maestria a função de negociador. Só que na vida pessoal, aquela paixão da adolescência, ainda dilacerava a sua alma, como um conhaque Dreher, descendo numa talagada só, garganta abaixo. Eis que surge à sua frente Pamella-Angélica. Ela trazia consigo o mesmo menear de cabeça da mãe, o mesmo sorriso largo nos lábios, a mesma curvatura das sobrancelhas, a mesma dança com as mãos, traçando figuras geométricas abstratas no ar. Ela contou a sua empreitada no Greenpeace e ele, fatos pitorescos de sua vida. Antes de ser advogado, foi pugilista e chegou a desafiar Julio Cesar Chavez. Perdeu! "Mas por pontos", costumava frisar, orgulhoso da sua performance. A conversa discorria agradável, porém, Rogério-Wanderley, por vezes agia de forma inquieta. Pamella-Angélica insistia em perguntar se algo o afligia. É chegada a hora da revelação. Close em Pamella-Angélica. "Anderson-Augusto não era seu pai", revela o tio. Taram!!! Ele era estéril (favor não confundir com estéreo, aparelho que reproduz saídas de áudio independentes, em 2 canais) e Pamella-Angélica foi concebida através de fertilização in vitro. O sêmen foi adquirido numa clínica. Tomada de um abrupto impulso, Pamella-Angélica sai em disparada. Falta-lhe ar, ela precisa respirar. Só que o México não é o melhor lugar para respirar ar puro né‚ Pamella-Angélica? Ôps! Desculpe! Continuando a trama, ela procura um detetive para descobrir quem é seu verdadeiro pai. Prepare-se para a surpresa bombástica, meu caro internauta-novelístico - o detetive revela quem é o pai de Pamella-Angélica. Seu nome é Mauro-Mário Spinoza Juarez. É ele mesmo, o diretor de marketing artístico da Somy Nusic. Ou seja, o atropelante (Mauro-Mário) é o pai biológico de Pamella-Angélica e não o atropelado (Anderson-Augusto). E mais! Ela tem uma irmã gêmea, que foi entregue a outro casal, que rachou as despesas da gravidez com Anderson-Augusto e Kassandra-Elizandra. O nome da irmã e Priscilla-Graziele. Priscilla-Graziele cumpre pena em Alcatraz por tráfico de bebês. TO BE CONTINUED... SOME DAY... WHO KNOWS?
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PARA ENTENDER A NOVELA MEXICANA

Quem nunca assistiu ao menos alguns minutos de uma novela mexicana? Don't worry! Feliz daquele que já assistiu, pois dele será o reino dos céus.
As tramas mexicanas são caracterizadas por personagens lineares. Via de regra, o casal central da estória protagoniza um romance e os vilões fazem de tudo para destruir a harmonia das amebas apaixonadas. Quem é bom, é sempre bom e, of course, os maus são sempre maus. Os nomes das personagens são compostos. O herói(na) é sempre vítima de armações - em bom português, sempre se fode - para que, no final apoteótico, o destino resolva dar uma maõzinha.
No início, as novelas brasileiras seguiram esta fórmula. Até que, no final da década de 60, a novela Beto Rockfeller rompeu com esta tradição, inovando ao mostrar um universo de personagens mais ricos. Será que mudou mesmo?

PARA ENTENDER ESTA NOVELA MEXICANA

Tudo começou quando eu comprei um urso panda para presentear a Mariana. Na verdade eram dois ursos, o pai e a filha. Achei que seria muito convencional simplesmente entregar o presente. Percebi ali uma forte fonte de inspiração. Em primeiro lugar, dei o nome de Panderson-Augusto. It sounds like nome de personagem de novela mexicana. Como justificar o pai com um filhote? Normalmente é a mãe quem acompanha o filho. Tive que criar um argumento para justificar a ausência da mãe, qual seja, a morte dela. Estava fincada a viga-mestra da estória. Como seria muito complexo, tecnicamente, criar uma zoo-novela-mexicana, optei por seguir o modelo tradicional, utilizando seres humanos mesmo.

Special Thanks to:
  • Celso Amil, o pai da Mariana, pela grande idéia da avó cega;
  • Filipe Lima, o Filipe-André da novela, pela brilhante sacada do nome da gravadora "Somy Nusic" e pelo trecho 'P.R.' do nome anglo-mexicano "Mallas & Pablo-Richard".

01 novembro 2004

Era uma vez, na América do Norte – Capítulo III - Voltando à sala de aula


A aula inaugural do curso foi “conversação e gramática” (“oral skills and grammar”). O professor era o Bruce Thonson, gente boníssima. O professor desta matéria, na UCC, é o encarregado de acompanhar os alunos mais de perto, uma espécie de conselheiro. Melhor professor para cuidar dos “international students” impossível. Eu ficava impressionado com os malabarismos verbais dos quais ele se utilizava para traduzir, pacientemente, termos do inglês coloquial, deles, para o inglês acessível a nós, meros estudantes estrangeiros intermediários. No período da tarde as aulas alternavam entre leitura (reading) e redação (writing), durante os dias da semana. O professor de leitura era o Brian, a gentileza em pessoa, gestos suaves e voz pausada. Na primeira aula ele nos brindou com um texto extraído de um romance do Ernst Hemingway. Adorei; aliás finalizei o curso com “A+” nesta matéria (e “A” nas demais , puta CDF!). O susto veio mesmo na aula de redação. O teacher era um escocês baixinho, cabelo avermelhado, com dois chumaços caoticamente espichados para os lados, separados por um vale escasso de fios capilares. Visualmente parecia ter parentesco com o Bozo. A primeira impressão era a de um professor ditador. Eu não entendia lhufas do que Mr. Jim Willie falava – lamentei o fato de ainda não terem inventado a tecla SAP para seres humanos. Naquela primeira aula de redação bateu uma sensação de deslocamento no tempo e no espaço. O que eu fazia em terras tão longínquas, “so far away and alone”? Aos poucos fui recuperando a persona estudante, que há anos adormecia nos labirintos mais escondidos do meu ser (enquanto humano, mano!).

Cada um com o seu jeito peculiar, todos os professores foram importantes. Mas, Mr. Willie fez a diferença, como professor e pessoa. Ele falava pelos cotovelos; era comum eu entrar em órbita durante as explanações do mestre e minha mente divagava voando longe, longe. Certa feita (“good transiction”, diria ele), numa destas viagens, ele me fez uma pergunta à queima roupa e eu só peguei o finalzinho: “who, Marcos?” (“quem, Marcos?”). “Sorry, what is the question?” (“Desculpe, qual a pergunta?”), eu perguntei. Ele mesmo respondeu e a refez em tom de repreensão: “Pelé! Who is the king of the soccer, I asked you!” (“Pelé! Quem é o rei do futebol, eu perguntei!”). Nada mais simpático do que endereçar uma pergunta sobre futebol ao único representante brasileiro da classe. Pena que eu estava em Órion! A bronca foi de brincadeira. Na verdade, ele incorporava um personagem que satirizava a relação entre o professor todo-poderoso e o aluno indefeso, ante ao autoritarismo institucionalizado nas escolas (“We don´t need no education / We don´t need no thought control”). Ainda sobre Mr. Willie, lembro de uma atividade em grupo que consistia em treinar a associação imagem/texto. Cada um do grupo deveria escrever sobre uma imagem sugerida. Para o meu grupo, a imagem escolhida foi a de um garoto alimentando pombos. Comecei escrevendo umas palavras tão meigas, mas achei tão chabi, que no final não me contive e complementei que a cena do garoto insinuava uma atitude ecologicamente correta. Esta frase soava (e era, de fato) irônica no contexto poético na qual estava inserida. Quando ele leu aquilo, sorriu e apenas ordenou: “take this off” (tira isso). Devo muito a ele no sentido de resgatar em mim algo que estava perdido: a vontade e o prazer de escrever (dá pra notar!) . Mais que escrever em inglês, ele apontava para um caminho com maiores possibilidades. Independentemente da língua, a estrutura de um texto obedece a alguns princípios e coerências semânticas e estéticas (lógica, coesão, conexão de idéias, etc). Para se chegar a um bom texto é necessário treino e dedicação; a boa escrita não cai do céu. Claro que alguns ingredientes tais como inspiração, criatividade, ritmo, fluidez e estilística são imprescindíveis. Nestas horas, um professor de verdade, comprometido com a sua missão de educador, é fundamental para despertar o interesse do aluno. Thanks, teacher!

Era uma vez, na América do Norte – Introdução

Em outubro de 2004 fez 3 anos que retornei do Canadá. Tempo suficiente para um balanço do que representou este período em que vivi do outro lado do Equador. Visão esta que tem por objetivo fotografar um momento pessoal marcante, que é possível compreender melhor agora, com o distanciamento e uma certa isenção emocional que só o tempo é capaz de sedimentar.

Ainda que paradoxal, a sensação que me vem é a de ter realizado uma viagem interplanetária, dentro do mesmo planeta. Lá ninguém me conhecia; eu não tinha história. Nem passado, nem parentes, nem amigos. Nenhum vínculo me ligava àquele lugar. Havia apenas o presente para desfrutar e a esperança de, a pretexto de conhecer outra língua e cultura, tirar férias de mim mesmo, viver novas experiências e ampliar os meus horizontes.

A narrativa será em doses homeopáticas e, pegando carona no sucesso das sagas cinematográficas, contarei a história não necessariamente na ordem em que os fatos se sucederam. Longe de mim querer equiparar-me a tramas intruncadas, como a do filme “Amnésia”. Apenas brinquei de jogar os “capítulos” para o alto e ver no que dava. Boa viagem...