Marcos Pereira on-line

19 janeiro 2007

I Just Posted To Say Eu Me Amo, Eu Me Amo. WOW, WOW, WOW, WOW, WOOOW!


Não há nenhuma razão e nenhum motivo especial. Não é Ano Novo, não é clima de verão. É meramente um dia comum e eu apenas liguei pra dizer que te amo. Numa interpretação livre-leve-e-solta, a mensagem contida na música ‘I Just Call To Say I Love You’ do Stevie Wonder é basicamente esta. O desejo premente de querer expressar o sentimento que arde em seu peito, leva o Sr. Maravilha a ser bastante simples e direto, sem rodeios, sem lero-lero e nem vem cá que eu também quero. É na abordagem singela do tema e numa levada meio chácháchá do ritmo, que reside o poder desta canção.

E de onde surgiu este revival de ‘I Just Call...’ no meu repertório musical? Tudo começou quando eu testava o software que grava a programação da TV no micro. Naquele momento, o programa ‘Clássicos Multishow’ era exibido. E eis que esta pérola em forma de canção veio à baila. Como um flash, ela emergiu diretamente de 1984, época dos meus sweet little sixteen, em que eu ouvia a música no meu rádio-gravador National RX 1454M, sintonizado na Bandeirantes FM (96,1 Mhz, ‘onde tudo acontece’, era o slogan). Hoje, ela toca no meu computer-audio-video system. Sign of times!

Era noite, fui dormir. Durante todo o dia seguinte, ‘ I Just Call...’ ecoou na minha SoundBlaster cerebral. No carro, o CD player tocou ‘Eu te Amo, Eu te Amo’ do Roberto Carlos. What the fuck coincidence, man! Curiosamente as duas músicas falam de declarações de amor por telefone, valendo-se da frase clichê mais citada em músicas românticas (Paul McCartney e Beatles que o digam): ‘I love you’ / ‘eu te amo’. Mas, diferentemente de ‘I Just Call ...’, ‘Eu te Amo ...’ é sobre um amor à distância, irrealizado e reprimido. O autor/cantor já não cabe em si mesmo. Está agonizante, desesperado, asfixiado e precisa se declarar já... e agora! Não dá mais para esconder este sentimento que dilacera o seu coraçãozinho sôfrego e apaixonado. Não satisfeito, ele dobra o ‘eu te amo’ no refrão, para reforçar o apelo da mensagem.

Envolto nesta atmosfera musical de ‘eu te amos’ e ‘ailóvius’, fui pagar a mensalidade no Nova Dança. Enquanto eu aguardava a deixa, a Chris, a moça que atende por lá, terminava de falar ao telefone e se despediu com um sincero e enternecido 'te amo muito, mãe'. Foi arrebatador. De uma espontaneidade tamanha, que a secretaria do estúdio ficou pequena demais para abrigar a grandeza daquela fala. Não me contive e comentei que eu achei o gesto muito bonito. E ela disse que é bom falar (eu te amo) enquanto se tem a oportunidade. Se deixar para depois, pode ser tarde demais. Ganhei o dia. Eu amo as pessoas que dizem do fundo do coração ‘eu te amo’, sem economia.

What the fuck! Não é possível! Love´s in the air, everywhere I look around. Sincronidades? Talvez. Até no cinema, em C.R.A.Z.Y., o ‘eu te amo’ me perseguiu nestes dias. O filme é sobre a difícil relação do Zac (a letra ‘Z’ do título C.R.A.Z.Y.), o quarto de uma família de cinco filhos homens, com o seu pai. A trama acontece na porção francesa do Canadá, nos anos 70. Como pano de fundo, o filme mostra muita coisa que caracterizou a década: drogas, Pink Floyd, David Bowie, etc. Rola até um Giorgio Moroder, um dos pais da música eletrônica, comparecendo com o hit 'From Here to Eternity’. Numa determinada cena, o irmão-problema de Zac abraça a mãe e diz ‘eu te amo’. É engraçada a reação do Zac e do pai que se entreolham surpresos com aquela atitude inesperada. Claro que é simples dizer ‘eu te amo’; são apenas 3 palavrinhas. O difícil é usar a frase para expressar verdadeiramente o sentimento, como fez o moço no filme e a Chris na vida real.

Para finalizar, lanço aqui uma idéia. Alguém bem que poderia fazer um mexidão (mashup, como dizem os americanos) com as duas músicas, ‘I Just Call to Say I Love You ‘ e ‘Eu te Amo, Eu te Amo’. Seria um belo presente de aniversário. Aliás, hoje é o meu aniversário (Ufa! Demorô! Foi um caminho sinuoso, mas, enfim, consegui chegar ao denominador comum do título deste post).
No bojo do parabéns pra você, no apagar das velinhas, enquanto terráqueo, 'a nível de' licença poética-aniversariante, eu me reservo no direito e me permito alterar o verbo e o pronome do caso oblíquo das músicas, declarando aos 4 ventos, via internet:

I JUST POSTED TO SAY EU ME AMO, EU ME AMO.

WOW, WOW, WOW, WOW, WOOOW!