Marcos Pereira on-line

14 agosto 2013

Perdidos na selva - heróis cósmicos


                                        Helicóptero Águia, da PM, chegando para o resgate 

Matéria exibida no "Bom dia São Paulo", em 13/08/2013

Matéria veiculada pela Secretária de Segurança Pública - SP, em 14/08/2013

Havia alguns motivos objetivos para eu não estar lá: 

1) naquele domingo era o dia "sim" de visitar o tio Mané e minha mãe;
2) desencontro na estação de trem;
3) tentativa de contato via celular sem sucesso; mesmo sem deixar recado, ligaram de volta e eu embarquei; 
4) já em Paranapiacaba, decidi, secretamente, voltar, mas o ônibus que pegaríamos não parou;
5) eu nem tava na "vibe". 

Havia outros motivos alheios ao nosso suposto livre arbítrio.
Havia o "Sr. Imponderável Acasus Imprevistus", interferindo no curso da história.

Ora vejamos ...

O nosso resgate possibilitou o de outro grupo, até então sem registro de desaparecimento. Este outro grupo, composto de 4 pessoas, sendo que uma delas estava ferida, se perdeu ainda no sábado. Nós, éramos em 6, e nos perdemos no domingo. Involuntariamente, provocamos o resgate do outro grupo. Soubemos disto depois, pois não tínhamos a visão global da história. Afinal, fazíamos parte do núcleo "dos perdidos com celular, no platô", que não sabia da existência do núcleo "dos perdidos sem celular, na cachoeira".

Feliz coincidência? Divina providência?
Eu prefiro expressões do tipo "sincronicidade" e "caos harmônico".
Às vezes, o final é feliz;  noutras vezes, não.

Como dizem os mano do rap, "é assim que tem que ser".
Depois de tudo isto, só me resta a caetânica-existencialista  pergunta que não quer calar: existirmos, a que será que se destina?

Despeço-me sem o tradicional e costumeiro "E viva Zapata!".
Desta feita, vou de ...

E VIVA A VIDA!

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P.S. Ok, a (ir)responsabilidade do acontecido é do grupo, principalmente porque acreditou num rapaz (desajustado), que dizia ter feito aquela trilha várias vezes e conhecia bem o lugar. Como a trilha era "light", ninguém se preocupou com os riscos. O problema é que fomos além da trilha, sem saber. Independentemente do ocorrido, como reconheceu o próprio PM, não há nenhum tipo de sinalização nas trilhas. Simples placas indicativas, como por exemplo, "área de preservação ambiental, não ultrapasse",  "risco de vida", poderia nos alertar dos perigos.

P.S. II: retificações e observações de quem viveu a história ... o grupo de 6, do qual eu fazia parte, se perdeu no domingo. Quando fomos resgatados, ainda estávamos bem. Salvo algum ataque de animais ou caçadores, tínhamos boas chances de sairmos vivos de lá. Já o grupo da cachoeira, estava bastante debilitado. Dificilmente se safariam.  
                           
P.S. III - "o" aparelho celular desta história: meu simplório celular Nokia. Não se trata de um poderoso "smart phone"; é apenas e tão somente um "simple phone". Firme, forte e resistente, ele manteve a carga da bateria o tempo todo.

P.S. IV - "a" operadora de celular desta história: Vivo. Telefonia celular no Brasil é um desastre. Não tenho argumentos técnicos para afirmar, mas a Vivo parece ser a mais razoável. A boa qualidade do sinal foi decisiva para o desfecho feliz. Cabe, inclusive, um merchan, tipo-assim:  "para ficar vivo, utilize a Vivo".

P.S. V - "o" meu momento mágico desta história:  o "rapaz roubada" , em cima da árvore, agitava uma bandeira improvisada e passava informações da aproximação ou afastamento do helicóptero, enquanto eu as repassava, via celular,  ao piloto. Aos poucos, o helicóptero foi  chegando mais perto e nos localizou. Bingo! Catarse total! Para quem reclama queixoso da falta de movimento da vida, até que estes momentos perdido na mata foram bem intensos. Por que não dizer, épicos!